- 20 de agosto de 2025
Supeito silêncio de autoridades
O Caso Romano dos Anjos não só mostrou a possibilidade de envolvimento de policiais militares. Não só mostrou a acusação contra o ex-presidente da Assembleia Legislativa Jalser Renier como mandante do atentado, e que dois delegados tentaram barrar as investigações.
O caso revelou uma rede de concluio, de pacto de silêncio só quebrado, justamente, quando o Supremo Tribunal Federal decide se Jalser retorna ou não à presidência da ALE. Só depois disso, o agora presidente da Assembleia, Sampaio das Diárias, revelou que foi testemunha de suposta ameaça de morte feita a Antônio Denarium em novembro do ano passado.
Sampaio que foi soldado da PM e era chefe da Casa Civil nessa época, assistiu a tal ameaça de morte e não tomou nenhuma providência, não dando voz de prisão e nem indo ao Ministério Público denunciar o que assistiu. Pelo contrário, se manteve em silêncio como num pacto. Se isso foi a pedido de Denarium ou é mais uma mentira de Sampaio, precisa ser apurado, porque uma coisa dessas não é para ficar calado como ficou o atual presidente da ALE.
Outro que só agora revelou um crime, o de obstrução de justiça, é o experiente coronel Edson Prola, secretário de Segurança, que se diz "o aluno mais aplicado" do saudoso Ottomar Pinto, que, também, em novembro do ano passado ouviu coisa absurda como o pedido do delegado geral Herbet Amorim e seu adjunto Eduardo Wayner para que interferisse na investigação substituindo o delegado João Evangelista que estava à frente do caso. Prola, também, não tomou nenhuma atitude não dando voz de prisão e nem denunciando o crime ao MPE.
Como Sampaio, Prola se fechou em copas e só agora, quando Jalser pode voltar à presidência da ALE, resolveu revelar o que sabia, o que foi testemunha e o que, de certo modo, foi conivente ou até cúmplice como Sampaio, também.
Vem cá, Ottomar Pinto ensinou isso ao seu "aluno mais aplicado"?
Agora, Herbet e Wayner terão seus atos analisados pela Corregedoria da Polícia Civil que, salvo engano, é composta por delegados subordinados à dupla, e não por um promotor de justiça do controle externo de acompanhamento de atividade policial. E tem mais, as supostas condutas criminosas não foram descritas pela Corregedoria da forma como é aplicada com os demais policiais civis.
E Antônio Denarium que sabia de tudo isso, tudo, também se manteve caladinho - e continua calado - quando Jalser era seu aliado. Vítima de ameaça de morte, testemunha de pedido de obstrução de justiça e silenciou para tudo isso durante todos esses meses?
Isso não é cumplicidade ou conivência com crimes, ministério público?
O que se vê é que direta ou indiretamente todos têm suas digitais no Caso Romano. E a Lei é para todos. Não pode valer só para quem não se gosta, e beneficiar quem está no poder, quem se cala para supostos crimes e ainda assim, é condecorado como "governo exemplar". Exemplar até o limite das suas convenciências e interesses como o Caso Romano está nos revelando.