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RSS e o Impacto Social - Visão Unilateral

Estes teóricos do tricô e crochê esquecem que do outro lado da questão existem pessoas que têm os mesmos sentimentos, que sofrem do mesmo problema e que estão sob a égide da mesma lei. Furtam-se de mensurar, mesmo com fundamentos teóricos, os impactos sociais ao qual estão submetidas as pessoas forçadas a saírem de suas casas e a apagarem o seu referencial de vida.


"A razão é comum a todos, mas as pessoas
agem como se tivessem uma razão privada"
                              Heráclito

Joel Maduro*

As discussões acerca dos problemas sociais inerentes as questões indígenas no Brasil (Amazônia roraimense) tomam rumos ideológicos fundamentados em remédios jurídicos e teorias sócio-ambientais inaplicáveis neste contexto que enojam a questão e embaçam o espírito científico divorciando-o da epistemologia.

Em sua maioria os textos ostentosos dos defensores da RSS contínua são recheados de vícios com paixões cegas expostos em documentos, cartas, mensagens e sites normalmente financiados pelo capital estrangeiro tendo como braços locais algumas ongs que despem-se da ética, moral etc... e prendem-se a conceitos ultrapassados impondo um discurso neoindigenista sem atender a dinâmica social. Desenham um unilateralismo hipócrita de cunho unicamente teórico e pretensioso para moldar suas dialéticas pejorativas.

Enquanto os verdadeiros cientistas queimam neurônios e a epiderme em sol a pino interpretam e aplicam os conceitos de Boavetura, Bachelard e Popper com a subjetividade objetivada, os teóricos de plantão (uma meia dúzia) enclausurados nos campus, centros de pesquisa e no ar condicionado não têm nenhuma experiência prática e apenas conjecturam hipóteses. Dificilmente vão a campo, pois bitolam-se tão somente aos livros. Arvoram-se a defender as minorias, pois para uma parcela de cientistas abstratos isso massageia o ego, dá uma conotação de justiça, conhecimento status acadêmico.

A visão unilateral focada por estes "estudiosos" da questão indígena em Roraima não passa de uma cegueira induzida. Misturam ciência com ideologia, e pregam tão somente o senso comum, o unilateralismo. Esquecem de pôr à prova o objeto de seus estudos, haja vista que seus trabalhos estão minados de preconceitos e totalmente viciados a dar vazão tão somente ao impacto social visto do lado indígena.

Estes teóricos do tricô e crochê esquecem que do outro lado da questão existem pessoas que têm os mesmos sentimentos, que sofrem do mesmo problema e que estão sob a égide da mesma lei. Furtam-se de mensurar, mesmo com fundamentos teóricos, os impactos sociais ao qual estão submetidas as pessoas forçadas a saírem de suas casas e a apagarem o seu referencial de vida.

Os aplicados "cientistas" não medem quais os efeitos danosos que o êxodo rural acarretará a sociedade roraimense com a saída de pessoas da RSS. Não mitigaram se quer as conseqüências que causou a demarcação da reserva São Marcos. Quantos já não morreram com efeito depressivo por mudança de habitat e a espera de indenizações. Só para lembrar; hoje a área e rota de descaminho de combustível.

Não quero negar e nunca opinei neste sentido, que os índios que ali "habitam" não tenham direito de usufruto da terra e nem desconsiderar a morte do índio Ajuricaba em 1727, vide-bula: Área indígena RSS - Visão Regional - (Miranda Coord. 2004 pg 25 e 70) e que, os mesmo outrora tenham sofrido tal impacto social - em hipótese alguma - , pois sou consciente o suficiente para saber que muitas etnias precisam sim do seu espaço para sobreviver, mas não dá forma desenhada por eles. (teóricos).

Muitos destes senhores do saber se quer pisaram na região, andaram de a pé, da Placa ao Socó, da Raposa a Napoleão ou da maloca do Araçá a Manalai; ou melhor, visitaram algum indígena no Beiral, 13 de setembro ou no Asa Branca para sentir de perto os flagelos do êxodo indígena.

Teorizar é muito bom, faz parte do conhecer científico, mas é preciso senhores da quimera, mais do que isso. Antes de preconizarem suas intempestivas conjecturas vejam o outro lado. Analisem também a situação dos decanos, mulheres e crianças, bisnetos e tataranetos de descendentes diretos de nordestinos e indígenas, miscigenados pela natureza que estão também sofrendo o impacto social tão unilateralizado por vocês ortodoxos fundamentalistas do apartheid caboclo. Uma visão multilateral é mais recomendável. Que diga o pensador Heráclito. Bom Dia!


Jornalista Mtb nº 109/RR [email protected]
9977-9724

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