- 20 de agosto de 2025
Ugo Braga
Da equipe do Correio
Carlos Moura/CB/1.2.06 |
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Renan Calheiros: aviso ao presidente Lula de que os partidos de oposição não cessarão ataques ao ministro da Fazenda |
Oposição denuncista Da Redação
Além de sair em defesa do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, integrantes do diretório nacional do PT aprovaram no encontro de sábado uma resolução convocando seus militantes a reagir contra o que chamaram de "processo denuncista articulado pela oposição". O documento, aprovado por ampla maioria, traz duras críticas à CPI dos Bingos, chamada pelos petistas de "CPI do Fim do Mundo". O texto da resolução recebeu apenas dois votos contrários entre os cerca de 80 integrantes do diretório que participaram da reunião. Os petistas classificaram a CPI dos Bingos de "instrumento da oposição na tentativa desesperada de criar fatos políticos e negativos contra o governo e o PT". "Apostando na idéia de que Lula e o PT chegariam muito enfraquecidos a 2006, o PSDB e o PFL foram surpreendidos com a capacidade de recuperação da nossa ofensiva. Por isso, retomaram a fúria denuncista", diz o texto. A resolução ainda faz críticas ao comportamento da oposição em relação ao Orçamento da União, culpando diretamente o PSDB e o PFL por inviabilizar a votação do orçamento. No texto, o PT ainda defende a instalação imediata da CPI das Privatizações, que investigaria decisões do governo passado, do tucano Fernando Henrique Cardoso. E reserva espaço para críticas pelo modo como o PSDB escolheu o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para disputar a presidência pelo partido. "A própria dinâmica da escolha mostrou um PSDB dividido, com decisões centralizadas numa pequena cúpula e repleto de manobras obscuras", diz o texto, afirmando ainda que "a escolha do PSDB revela é que sua opção conservadora será apresentada sem disfarces". "Geraldo Alckmin, o candidato preferido pelas elites, tem um discurso claramente conservador e reacionário", afirmam os petistas. O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), se referiu especificamente às denúncias surgidas nos últimos dias contra Palocci, vindas do caseiro da República de Ribeirão Preto, Francenildo dos Santos Costa. Para ele, a tentativa da oposição de desgastar Palocci tem o objetivo de criar um ambiente de crise no país para dificultar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Todos conhecem o papel fundamental do ministro Palocci na credibilidade econômica do país", defendeu. O líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS) também fez críticas nesse sentido. "Há uma tentativa desesperada de evitar que cheguemos à eleição debatendo projetos, experiências políticas, comparando governos", afirmou. Na avaliação do PT, o governo Lula superou o "cerco político" movido pela oposição, em 2005, e chega ao ano eleitoral de forma positiva. |
Grampo revela propina Da Redação As evidências do pagamento de propina reveladas em grampos da Polícia Federal envolvendo o deputado B. Sá (PSB-PI) geraram reação da direção do partido. Ontem, o presidente do PSB, Eduardo Campos (PE), afirmou que vai submeter o parlamentar à comissão de ética da legenda. "Cabe a essa instância ouvir o deputado e tomar uma providência", disse. Em trechos das gravações revelados na edição da revista Veja desta semana Sá é flagrado negociando propina com um executivo da empreiteira OAS, responsável pela construção da barragem de Poço de Marruá. O deputado Domiciano Cabral (PSDB-PB) também aparece em conversas comprometedoras. A obra que está sendo erguida no sul do Piauí é custeado com recursos de emendas ao orçamento do deputado B. Sá. E, segundo a revista, o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PSB), teria liberado recursos para a concretização do projeto, além de orientar o deputado de seu partido a concentrar as emendas parlamentares a que tem direito na construção da barragem. Em nota à imprensa, Ciro nega qualquer envolvimento com o caso, classifica as citações ao seu nome como "insinuações caluniosas" e diz que a revista ao publicar tal matéria "se misturou à politicagem rasteira que infesta a vida nacional". Negócios No caso do deputado Domiciano Cabral, as fitas revelam conversas em que o parlamentar propõe ao próprio sogro e dono da empreiteira Cojuda, Julião Medeiros, que procure fazer negócios com o Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit), alegando haver muito dinheiro no órgão. Medeiros chega a sugerir ao genro que convença o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PL), a pagar uma suposta dívida de R$ 2 milhões, o que renderia ao deputado uma "bolada". Na última quinta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) encaminhou o inquérito da Polícia Federal à Corregedoria da Casa. O procedimento agora é a indicação de um relator para concluir o processo, acusando ou não os parlamentares por quebra de decoro parlamentar. |
entenda o caso A turma de Ribeirão A cabeça do ministro Antonio Palocci está a prêmio desde quinta-feira, quando a CPI Bingos tomou o depoimento do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo. Ele trabalhou na casa na QI 01 do Lago Sul, alugada por Vladimir Poleto, em 2003. O imóvel serviu de base para o grupo formado ainda pelo advogado Rogério Buratti, os irmãos Ralf e Rui Barquette, o empresário Roberto Carlos Kurzweil e pelo secretário pessoal de Palocci, Ademirson Ariovaldo da Silva. Todos têm ligação com o ministro desde quando ele era prefeito de Ribeirão Preto (SP). Ao investigar a renovação do contrato da Caixa Econômica Federal com a multinacional Gtech, ocorrida em abril de 2003, a CPI descobriu uma trama com muitos indícios de corrupção e tráfico de influência envolvendo o grupo. A quebra do sigilo telefônico dos integrantes revelou uma troca frenética de telefonemas entre eles nos dias críticos da negociação do contrato. À CPI, todos disseram ser amigos e terem conversado apenas amenidades nas ligações. Os técnicos descobriram o aluguel da casa no Lago Sul e Poleto afirmou tê-lo feito para montar um escritório em Brasília. Convidado à comissão, Palocci endossou a versão da "República de Ribeirão Preto", jurou não ter grande proximidade com qualquer dos personagens e negou ter ido sequer uma vez à casa do Lago Sul. |