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EDITORIAL - Simples e sincero

Nenhum editorial, artigo ou comentário crítico lhe foi feito. Isso porque antes de se formar opinião sobre o posicionamento de Suely, ouviu-se o seu motivo. Verificou-se que, de dezenas - e quem sabe centenas - de parlamentares, Suely foi a única fiel e verdadeira, consigo e com o público. Não se dobrou à pressão nenhuma. Ganhou a admiração dos colegas e o respeito da mídia, com simplicidade e sinceridade.


Exemplos de simplicidade e sinceridade dificilmente são imunes de reconhecimento. O mais recente na política nacional é o voto solitário contra a redução do recesso parlamentar de 90 dias para 55, dado pela deputada Suely Campos, na última terça-feira, no plenário da Câmara dos Deputados.

Suely votou seguindo a sua consciência não ligando para a pressão da opinião pública e da mídia que transformou o voto dela num percentual menor que 0,2% dos 467 votos apurados. Desses votos, 466, expuseram quase uma unanimidade refém da pressão das TVs, de jornais e das rádios.

Foi um voto simples e sincero: "Votei com a minha consciência. Recesso não é férias. Nossa realidade política é muito diferente das de outras regiões e o recesso é fundamental para os contatos com a base e com os eleitores. Não podia mudar somente porque a imprensa pressionou".

Sem imaginar o desdobramento daquele simples voto, no seguinte Suely perdeu a conta dos cumprimentos e parabenizações de colegas deputados, principalmente, daqueles que na hora da votação tentaram em vão removê-la de sua decisão pedindo que modificasse seu voto. "Diga que você se enganou e tudo muda"; "Suely, a imprensa vai trucidar você amanhã", foram as frases mais ouvidas.

Mas, não. Suely Campos não mudou o seu votou nem a imprensa a trucidou. Na noite da votação, uma enxurrada de telefonemas e pedidos de entrevistas congestionaram sua linha telefônica. Alheia à súbita condição de celebridade política, a deputada concedeu apenas uma à insistente repórter de O Globo, Isabel Braga, que conseguiu encontrá-la já na saída de seu gabinete.

Nenhum editorial, artigo ou comentário crítico lhe foi feito. Isso porque antes de se formar opinião sobre o posicionamento de Suely, ouviu-se o seu motivo. Verificou-se que, de dezenas - e quem sabe centenas - de parlamentares, Suely foi a única fiel e verdadeira, consigo e com o público. Não se dobrou à pressão nenhuma. Ganhou a admiração dos colegas, em especial dos que não tiveram a mesma coragem, e o respeito da mídia, com simplicidade e sinceridade.

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