- 20 de agosto de 2025
Mais um ano chega ao fim. Momento mais que propício para se fazer balanço das atividades dos 365 dias passados e, principalmente, projeções para o ano que se avizinha. Como o negócio deste Fontebrasil é informação, não custa nada fazermos um balanço do que foi e como se comportou a imprensa roraimense.
Infelizmente, o saldo deste 2005 não é o que se pode chamar de positivo. Faltou muito para que a sociedade macuxi recebesse as informações comprometidas com a verdade. Os grandes assuntos, aqueles que mexem com a consciência da população, foram omitidos ou, quando muito, repassados em forma de meias verdades.
A razão é óbvia. A imprensa local não mexe com "poderosos". Jornais, rádios, TVs e a própria internet não são tidos como bem de conhecimento, de cidadania e de defesa dos interesses coletivos. Estão, infelizmente, a serviço de interesses pessoais e de nichos político-partidários.
O maior exemplo: o senador Romero Jucá (PMDB) virou ministro da Previdência Social e viu o mundo cair-lhe na cabeça. Todos os processos e denúncias - e são muitos - que dormitavam nas gavetas dos Tribunais vieram à tona, trazidos pela grande imprensa. Com exceção deste Fontebrasil, nenhum outro veículo local deu sequer uma linha sobre o assunto.
A pressão da imprensa nacional foi tamanha, que Jucá Filho não conseguiu se manter no cargo, apesar de contar com as bênçãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pediu exoneração, com a desculpa esfarrapada de que estaria saindo para se candidatar ao governo do Roraima.
Sua ida para o Ministério foi, talvez, a maior "bola fora" que o senador deu neste ano que se finda. Por conta da decisão açodada, foi descoberto a traquinagem deslavada de dar como garantia de empréstimos no BASA de nada menos que sete fazendas. Seria ótimo, se elas existissem. Só por isso já poderia ter perdido o mandato, caso o Conselho de Ética do Senado não fosse o Conselho de Ética do Senado.
A julgar pela ação da imprensa local, em Roraima neste ano de 2005 só aconteceram pequenos delitos, roubo de galinha, ou, no máximo, assassinatos praticados por pés-rapados, rapidamente capturados e jogados nas masmorras da superlotada Cadeia Pública, e é claro, baixarias político-partidárias. Mau exemplo para os jornalistas que ano a ano se formam na UFRR e entram no mercado de trabalho. Acreditam que imprensa é isso e que o seu sindicato é para defender seus interesses, que o digam os repórteres do BN, demitidos com salários atrasados em três meses e ficou por isso mesmo.
Pelo exemplo dado neste ano de 2005 e nos anteriores, o papel da imprensa fica, literalmente, reduzido ao papel-jornal usado pelos dois veículos impressos, um deles, diga-se de passagem, caindo pelas tabelas.
Entretanto, apegados à informação como meio de cidadania, nós, do Fontebrasil, não perdemos a esperança de um dia vislumbrar em Roraima uma imprensa comprometida com os fatos e, principalmente, com esta gente ordeira, que tanto merece ser informada de tudo aquilo que acontece em seu seio.
Só assim teremos uma sociedade mais crítica, mais participativa, mais bem preparada para separar o joio do trigo, e assim, decidir o seu futuro. Quem sabe, este ano de 2006 não será a oportunidade que nos faltava?