- 20 de agosto de 2025
A deputada federal Maria Helena (PPS-RR), presidente da
Comissão da Amazônia da Câmara, voltou ocupar a tribuna da
Câmara nesta segunda-feira para protestar contra a decisão
do governo federal de demarcar em área contínua a reserva
Raposa/Serra do Sol, no Noroeste de Roraima, apesar de um
relatório confidencial da Abin (Agência Brasileira de
Inteligência) apontar que a região é alvo de interesses
internacionais. A existência do relatório da Abin foi
divulgada por reportagem do jornal O Estado de São Paulo no
último domingo.
"O governo manda a Abin investigar e depois de o órgão
indicar os interesses envolvido, citar as organizações
atuantes no contexto, prever a reação contrária das
populações atingidas, comete o equívoco (de demarcar a
reserva em área contínua)", lamentou, ao questionar
quais "seriam os interesses maiores" do que "a verdade
rigorosamente explicitada no relatório da Abin".
Maria Helena confirmou a denúncia do jornal de que a
demarcação teria sido financiada pelo governo da Alemanha.
Ela disse que tinha "essa informação de outras fontes" e
sabia sobre a intenção de o governo alemão na demarcação da
área de 1,743 milhão de hectares da reserva de forma
contínua.
"Em matéria publicada hoje na Tribuna da Imprensa, o
general Carlos Lessa, um dos maiores conhecedores da
realidade amazônica, afirma que estamos sob intervenção
branca promovida por ONGs a serviço de interesses
internacionais", disse, ao defender o reconhecimento das
áreas indígenas e a assistência de sua população pelo
Estado brasileiro.
Segundo a deputada, os interesses nacionais e as
perspectivas de desenvolvimento da região amazônica tem de
estar acima da "influência obscura" que os setores externos
exercem, direta ou indiretamente, na soberania
brasileira. "Roraima está sendo vítima de um processo que
se alastra, insidiosamente, em toda a região. Sobre muitas
áreas, a Nação brasileira tem soberania relativa, enquanto
pesquisadores, missionários, cientistas, consultores e
organizações de todo o mundo nelas transitam livremente",
disse, ao registar protesto e indignação diante da
interferência internacional na demarcação da reserva
indígena em Roraima.