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SENSO CRÍTICO - Humilhações diversas

"Defendo que a Polícia e a Justiça exerçam os seus papéis grampando suspeitos, mas continuar gravando as conversas depois que o inquérito foi aberto e o processo já caminha na Justiça, é demais. Cadê o direito à privacidade?", protesta o advogado.


Edersen Lima, Editor Brasília - As irregularidades, se comprovadas, são de longe distintas. Mas a forma e o estilo de investigação e coleta de novas informações são praticamente idênticos. Tantos os gafanhotos (laranjas do esquema que desviou dinheiro do governo de Roraima) como os besouros (supostos laranjas que teriam desviado dinheiro da Justiça Eleitoral) foram presos, tiveram seus telefones grampeados, seguiram o velho ritual de exposição e humilhação públicas, sem antes prestar qualquer depoimento ou justificativa. Não se tem dúvida quanto ao sucesso das operações policiais oriundas de decisões judiciais. Mas, independente do nível de acerto, muita gente que nada tem a ver com os rolos investigados acaba pagando o pato da desmoralização pública. É o caso dos dois motoristas da Justiça Eleitoral que, pelo entendimento da justiça, cometeram o "crime" de transportar encomendas, embora nem soubessem bem o que transportavam e se, transportavam, mesmo. Aliás, faz parte do trabalho de qualquer motorista buscar e entregar encomendas. Os dois passaram cinco dias presos acusados de formação de quadrilha, acusados de criminosos. Até que se prove o contrário e seguindo raciocínio prático, se foram presos é porque, no mínimo, têm alguma culpa no cartório, apesar de ninguém ter sido antes ouvido sobre as acusações por que estavam sendo investigados. Primeiro prende-se, depois ouve-se. Ontem, um empresário e um advogado roraimenses disseram ao Fontebrasil que vão solicitar informações à Polícia Federal e à Justiça Federal sobre o por quê de ainda estarem sendo monitorados através de grampos de telefones. "Defendo que a Polícia e a Justiça exerçam os seus papéis grampando suspeitos, mas continuar gravando as conversas depois que o inquérito foi aberto e o processo já caminha na Justiça, é demais. Cadê o direito à privacidade?", protesta o advogado que prefere manter seu nome em sigilo. Direito à privacidade é um bem comum nada comum nos meios político, jurídico e jornalístico de Roraima. O pior é que as autoridades que poderiam encarar o afronte, preferem meter suas cabeças no buraco tal fazem os avestruzes. Ocorre que os avestruzes não mergulham suas cabeças por medo de prisões e de humilhações diversas.

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