- 20 de agosto de 2025
A reforma ministerial que Lula deve anunciar nesta semana garante a presença do velho PDS no poder, 20 anos depois da reabertura política que encerrou o regime militar e os tempos de glória do partido. Roseana Sarney, Romero Jucá e Ciro Gomes são da árvore genealógica do PDS, e Ciro Nogueira é do PP, sucessor direto do partido dos militares. Com a cúpula do PFL (dissidente do PDS) se esbaldando com a reforma de Lula, o senador José Jorge (PE) provoca: "Enfim o governo se rendeu à evidência de que nós é que sabemos administrar!". Pura maldade, até porque o que menos interessa na reforma é quem administra melhor ou pior. O importante é botar o PP no barco, ampliar os espaços do PMDB e reconhecer em cartório o "partido dos Sarney". Só faltou combinar com os adversários: os petistas. Mas isso é outra história. O principal é anunciar a reforma discretamente, de preferência na Semana Santa. Aí, ninguém lê nem percebe direito. É assim que o governo Lula vai ficando cada vez mais igual ao governo FHC. A política econômica é uma cópia. A aliança com um PMDB dividido ao meio e insaciável não é de hoje. Os carinhos no PP que era de Maluf e aderna para Severino Cavalcanti são em praça pública. Agora, mais duas coincidências. No governo FHC, o Sarney ministro era o deputado Zequinha, do Meio Ambiente; no de Lula, a ministra será a senadora Roseana, que pode ser qualquer coisa, inclusive coordenadora política. No governo FHC, o ministro da Saúde era José Serra, um economista presidenciável; no de Lula, há fortes chances de ser Ciro Gomes, um advogado presidenciável. Nas próximas reformas ministeriais, Pedro Malan e Armínio Fraga que se cuidem. Suas chances de voltar parecem mais fortes a cada dia. *** Chá de sumiço: velho conselheiro de Lula, o ministro Márcio Thomaz Bastos não tem sido visto no Planalto ultimamente. E em plena reforma.