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JUDICIÁRIO - STF concentra muito poder, diz ministro

O ministro Antônio de Pádua Ribeiro, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), entende ser preciso redimensionar a competência do Supremo Tribunal Federal. "Não existe no mundo, ao que se saiba, corte com tantos poderes", afirmou, ontem, em palestra na Apamagis (Associação Paulista de Magistrados).


FREDERICO VASCONCELOS Folha de S. Paulo O ministro Antônio de Pádua Ribeiro, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), entende ser preciso redimensionar a competência do Supremo Tribunal Federal. "Não existe no mundo, ao que se saiba, corte com tantos poderes", afirmou, ontem, em palestra na Apamagis (Associação Paulista de Magistrados), quando pregou a descentralização da atuação dos órgãos judiciários. Pádua Ribeiro abordou o tema O Poder Judiciário no Contexto da Política Nacional. Participaram da mesa o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Luiz Elias Tâmbara, o desembargador Mohamed Amaro, do TJ-SP, o ministro Franciulli Netto, do STJ, e o presidente da Apamagis, desembargador Celso Luiz Limongi. Pádua Ribeiro entende que os poderes do Supremo são ainda mais amplos porque a Constituição teria se tornado uma "colcha de retalhos": sempre é possível aflorar uma questão constitucional. Para ele, a Carta foi "desfigurada para atender às emergências de ordem econômica e tributária" e "engessada" por excessivas cláusulas pétreas, muitas das quais "garantidoras não dos direitos dos cidadãos, mas da impunidade dos criminosos". Na opinião de Pádua Ribeiro, o Judiciário não poderá atuar com eficiência sem que haja a reforma política e dos Poderes Legislativo e Executivo. "A crise do Estado atinge o Judiciário", diz. Como os integrantes do Legislativo e do Executivo não cumprem as promessas eleitorais, frustrando os eleitores, "esses Poderes perdem legitimidade, e essa perda de legitimidade se estende ao Judiciário", diz Pádua Ribeiro. "A desestruturação da previdência social e a excessiva alteração da política econômica, tributária ocasionam um número incomensurável de causas a abarrotar juízes e tribunais", diz. "A legislação é alterada a todo momento, gerando insegurança jurídica e dificultando o trabalho da Justiça". Eleito corregedor do Conselho Nacional de Justiça, Pádua Ribeiro ouviu de juízes paulistas manifestações de temor de "eventuais excessos" do órgão. Preocupa os magistrados paulistas a presença de membros estranhos ao Judiciário e o exercício pelo Conselho de atribuições da Justiça dos Estados. Pádua Ribeiro entende que esses pontos não vão ser modificados no Supremo porque o Conselho foi incluído entre os órgãos do Poder Judiciário e porque foram integrados, como membros, representantes da Justiça estadual. Durante os debates, Franciulli Netto sugeriu que o regimento interno do Conselho só venha a ser discutido depois de definida a composição total do órgão e de realizado amplo debate. Pádua Ribeiro acredita que o Conselho poderá dar ao Judiciário "um choque de modernidade e eficiência, com o objetivo de tornar a Justiça cada vez mais acessível, eficaz, presente e democrática". "O que não se pode admitir é que, de forma direta ou indireta, intervenha na independência da atuação do magistrado", disse.

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