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Quando o estilo (ou falta dele) faz a diferença (FINAL) - Márcio Accioly

O grande problema de Dom Luiz Inácio é que, além de não mostrar a menor intimidade com a língua oficial, bebe demais e desconhece, por assim dizer, as entranhas da administração federal. E enganou, de forma deliberada, 39 milhões, 455 mil e 233 eleitores que nele confiaram no último pleito presidencial (2002), correspondentes a 46,444%.


O grande problema de Dom Luiz Inácio é que, além de não mostrar a menor intimidade com a língua oficial, bebe demais e desconhece, por assim dizer, as entranhas da administração federal. E enganou, de forma deliberada, 39 milhões, 455 mil e 233 eleitores que nele confiaram no último pleito presidencial (2002), correspondentes a 46,444%. Sua excelência, exibindo colossal despreparo, parece ter perdido inteiramente o tino depois que se sentou na cadeira presidencial. Nenhuma medida por ele tomada, até o momento, ofereceu resultado positivo em termos de benefício à população, pois está apenas dando seqüência aos mesmos atos praticados pelo antecessor. E não se deve esperar resultado diferente, se aquilo que se faz hoje é igual ao que se fez sempre. No início, Dom Luiz Inácio decidiu que iria acabar com a miséria no Brasil, criando o tal Fome Zero, programa que pretende instituir sistema de esmola permanente. Depois, ao embarcar num roteiro de viagens internacionais, comportamento que criticou de forma impiedosa no antecessor, aloucou-se: entendeu que iria inserir seu nome, definitivamente, na galeria de personagens internacionais. Sem qualquer noção de coisa alguma, montou no rocinante aéreo, o famoso sucatão, e tratou de tentar convencer banqueiros e lideranças internacionais da necessidade imperiosa de abrirem mão de ganhos extorsivos para beneficiar os cerca de 70% dos seis bilhões de pessoas no nosso planeta que passam fome na marginalidade da existência. Por desconhecer a história, não desconfiou que um outro sindicalista lá da Polônia, Lech Walesa, já havia sido anteriormente envolvido em esquema parecido, amargando imensurável dissabor. E, como Walesa, Dom Luiz Inácio foi indicado para o prêmio Nobel da Paz, manobra política utilizada pelos que dominam o mundo para amansar e submeter egos irremíveis. Os que não têm como ser retirados do cativeiro. Walesa ganhou, pois os interesses eram maiores. O nosso Dom ficou somente na vontade. É preciso que se saiba que a única maneira de se impor respeito, no relacionamento "democrático" entre as nações, é com a presença forte de um exército que garanta a segurança dos cidadãos e os domínios de cada qual. Sem forças armadas, não se tem como proteger o próprio quintal. Na campanha presidencial de 1998, quando o então candidato Dr. Enéas (hoje deputado federal) afirmou que iria desenvolver a bomba atômica, a grande imprensa o tachou de louco e reduziu a sua candidatura a pó! De lá para cá, cumprindo programa do Diálogo Interamericano (implantado no país por FHC), as Forças Armadas do Brasil praticamente deixaram de existir. Agora, por cima de tudo isso, promove-se campanha de desarmamento (patrocinada pela Rede Globo), deixando-se o país inteiro à mercê de bandidos, tantos nacionais quanto internacionais. E o nosso presidente sai mundo afora, com ternos bem cortados e cigarrilhas holandesas, aquietado num Boeing tinindo de novo, apelando para o bom coração de banqueiros que matam e saqueiam desde datas imemoriais. Isso, depois de conceder todos os favores e benesses exigidos, com a população se esfalfando no pagamento de dívida externa, eterna, que não pára de crescer. Situação bem diferente é a vivida pela Argentina. Depois de renegociar a dívida externa do país, reduzindo-a a tamanho aceitável, livre dos juros extorsivos que arruinavam por inteiro sua existência, o presidente Néstor Kirchner mostrou estar sintonizado com a população. Na última quarta-feira (16), Kirchner respondeu a declarações efetuadas pelo diretor-gerente do FMI, Rodrigo Rato (que pelo nome não se perca), que reclamou "regras claras e respeitosas para os investidores estrangeiros na Argentina". Sua resposta foi a seguinte: "- Depois de tudo que passamos com o FMI, devo afirmar respeitosamente que somos um país independente, que sabe se administrar e, portanto, tais conselhos não são necessários. Queremos os investimentos estrangeiros, mas não aceitamos nem desejamos ser tutelados". Juntamente com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, cuja derrubada os EUA têm tramado diariamente, Kirchner vem assumindo posição de liderança no continente sul-americano, embora a nossa chamada grande imprensa não lhe dê destaque exigido. No Brasil, a tutela continua. Porque, na área econômica, Dom Luiz Inácio colocou um títere de Washington, Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, flagrado na CPI do Banestado em todo tipo de irregularidade (lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e fraude), mas que determina nossa submissão com taxas de juros monstruosas que apenas favorecem o capital estrangeiro. Pior: o pau-mandado de Meirelles, Antônio Palocci (Fazenda), que em tese deveria ser seu chefe, faz lobby junto ao Congresso Nacional para tornar o Banco Central independente, livre de qualquer interferência, inclusive do presidente da República. Nós nos encontramos à deriva, sem qualquer idéia da destinação do barco Brasil. Mas o melhor que Dom Luiz Inácio faria seria renunciar. Ele não tem conhecimento dos nossos graves problemas, razão pela qual não sabe como se comportar diante deles. Em Brasília, circulam adesivos que dizem: "Se beber, não discurse". Qualquer hora dessas vão circular adesivos sugerindo o argentino Néstor Kirchner para nosso presidente. Email: [email protected]

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