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Êta samba do crioulo doido

A filiação do senador Mozarildo Cavalcanti ao PTB, partido do governador, é uma boa indicação de que Ottomar não está perdido no limbo das incertezas políticas. Mozarildo representa o que há de melhor, de mais real, de mais cristalino na política de Roraima; é o último dos remanescentes roraimenses com mandato federal, com um passado político que não deixa dúvida( o senador Augusto Botelho tem apenas dois anos de mandato. Para efeito de avaliação política, não conta).


Por Manoel Lima Brasília - A dança de cadeiras nas secretarias do governo Ottomar Pinto está parecendo samba de crioulo doido, como se diz por aí. É secretário perdendo a autoridade, é o governador convivendo com inimigos antigos para, como tem dito, melhor governar, esquecendo ele de que essa convivência não lhe é frutífera, não lhe será viável do ponto de vista político no futuro não muito distante. O brigadeiro está senil, bradariam os seus algozes. E com certeza não está não, e ainda tem muito cérebro para ver os erros e deles tirar os caminhos dos acertos. Não se pode negar a inteligência política de Ottomar Pinto. Só que o tempo dirá - e não demorará muito - se essa sua avidez por se juntar a grupos que o combateram num passado recente lhe será agradável. Não faz muito tempo, Neudo Campos experimentou o fel destilado por essa gente, acostumada aos penduricalhos do poder, mas que está sempre pronta a aprontar, da vingança à sórdida traição. Aliás, Ottomar conhece bem essa gente. Ou então de duas uma: ou Ottomar quer conhecer melhor essa gente ao levá-la para o seu governo, ou quer mesmo se afastar de suas "viúvas", tão desencantadas com a postura do velho brigadeiro de conviver com extratos tão ruins da política roraimense. As mudanças contínuas que Ottomar Pinto vem empreendendo na administração do Estado não podem ser vistas como remanejamento de posto, simplesmente. A verdade é que, ao ser guindado ao governo por decisão histórica do TSE em novembro passado, Ottomar não tinha em mãos os nomes com os quais deveria contar para ocuparem os cargos nos escalões principais do governo. Faltavam-lhe nomes com peso político e experiência administrativa para garantir-lhe tranqüilidade de conduzir uma máquina administrativa por demais monstruosa, muito além daquela que deixou quando saiu do governo em janeiro de 1995. A falta desses nomes levou Ottomar a buscar guarida nas hostes indesejáveis que até então conviviam com a administração corrupta de Flamarion Portela. Mas tudo tem um limite. Um governo que se implanta com o clamor da honestidade e da grandeza de espírito público, não pode fraquejar no momento de escolher os seus parceiros políticos. Não pode, como se diz no popular, "entregar o galinheiro à raposa". Se a sua reeleição em 2006 é pra valer, Ottomar tem que ter em mente que nas secretarias de governo vai precisar contar com nomes com densidade eleitoral se não quiser enfrentar dificuldades políticas lá na frente. Nomes obscuros, sem esse peso político, não conta. Só atrapalha objetivos políticos. É bom o velho brigadeiro não esquecer essa premissa. A filiação do senador Mozarildo Cavalcanti ao PTB, partido do governador, é uma boa indicação de que Ottomar não está perdido no limbo das incertezas políticas. Mozarildo representa o que há de melhor, de mais real, de mais cristalino na política de Roraima; é o último dos remanescentes roraimenses com mandato federal, com um passado político que não deixa dúvida( o senador Augusto Botelho tem apenas dois anos de mandato. Para efeito de avaliação política, não conta). Deputado federal por duas legislaturas, médico conceituado e um político diferente dos que têm surgido nos últimos anos em Roraima, Mozarildo Cavalcanti só virar somar nas hostes do PTB na reeleição de Ottomar em 2006. Nisso, o velho brigadeiro acertou em cheio. E com a filiação de Moazarildo, Ottomar deixou de lado as especulações sobre qualquer arranjo político com Romero Jucá e sua trupe. Nesse plano da reeleição, vê-se que Ottomar está certo. Quanto ao custeio político da máquina administrativa há que se ter paciência, perseverança e renúncia de espírito para não levar o governo ao descrédito. Muda por mudar um secretário de Estado não resolve. É preciso que nessas mudanças exista algo mais do que um simples remanejamento. Te m que haver um sentido prático da boa política, visando 2006. Sem percalços e sem invenções de nomes de última hora.

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