- 20 de agosto de 2025
Por Manoel Lima Brasília - Não se tem notícia nos meios políticos, em qualquer circunstância, de um governo com pouco mais de cem dias de existência, mudar tanto a sua estrutura administrativa como se está assistindo, agora, no governo Ottomar Pinto. É devaneio? É loucura política? É a autofagia mesmo de um homem que, guindado à suprema administração pública em Roraima às turras depois de uma longa batalha judicial, dele se esperava administrar com serenidade? O senhor Ottomar Pinto tem todas as virtudes para conduzir Roraima a uma situação invejável de administração exemplar, correta, moderna. Disso ninguém duvida, mas sua postura política, no trato com as pessoas que o cercam e que o ajudaram a voltar ao poder, de onde foi apeado por injunções de grupos corruptos encastelados no Palácio Senador Hélio Campos em 2002, tem sido sofrível do ponto de vista da aglutinação de forças verdadeiramente ottomaristas. Agora mesmo Ottomar perde um dos seus seguidores ferrenhos e leais: Elton Rohnelt. Qual a razão para a saída de Elton do governo de Ottomar? Várias, mas a principal delas foi Elton não concordar com a permanência de diretores da CER, os mesmos que serviram ao ex-governador Flamarion Portela. Afinal, Elton iria presidir a companhia tendo ao seu lado elementos estranhos ao convívio político voltado para dar a sutenção que Ottomar necessita para governar bem. E Ottomar não aceitou o pedido de Elton para que demitisse aqueles diretores da CER. Quem tem razão? Na verdade Ottomar está sendo fiel à cartilha de Maquiavel: vencer a batalha com os amigos e governar com os inimigos. Claro que os seus amigos não estão gostando de vê-lo atrelado a pessoas que num passado recente tramavam a sua derrota no Tribunal Superior Eleitoral; seus parentes idem. E Elton é diferente? Pensa como os oportuistas de plantão, querendo a todo custo manter-se no poder? Claro que esse não é o caminho correto de comportamento político adequado. As tidas "viúvas do Ottomar" não desejam estar convivendo com quem tramou a derrota de Ottomar nas urnas, sob toda espécie de atos indecorrosos, de corrupção à solta. Ottomar é um político inteligente e certamente vai encontrar uma forma política de reaver os amigos e correligionários insatisfeitos com a sua atual postura política. amigos e correligionários que se endividaram financeiramente, que arriscaram até a vida por sua vitória nas lides jurídicas em Brasília; que sofreram o pão que o diabo amaçou para vê-lo, triunfal, governando Roraima como quer o desejo da sua sociedade. Não custa nada repetir o chavão popular de que quem é inimigo do meu inimigo é meu amigo. Isso em outros tempos, pegaria bem. Hoje, agora, Ottomar precisa mais do que nunca governar com os amigos e correligionários, sem deixar de lado a necessidade de convergir com outros extratos da política roraimense. Isso para dar governabilidade ao seu governo. Mas até aí, tudo bem. Para ampliar o leque de forças políticas, tudo bem. Só não serve ajudar desse expediente para constranger aqueles que foram às turras por sua volta ao governo de Roraima. Renunciar a caprichos pequenos é o melhor caminho para o político experiente e vivido como Ottomar. O sucesso do seu governo será de todos, mas muito mais dos seus amigos e correligionários de longas datas; não dos que chegaram agora por circunstâncias e conveniências políticas do momento.