- 20 de agosto de 2025
ÉRICA FRAGA DE LONDRES O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é imbatível. Essa é a avaliação de Fernando Henrique Cardoso, ex-ocupante do posto, sobre o favoritismo de Lula captado pelas pesquisas de opinião para as próximas eleições presidenciais, em 2006. "Não há ninguém imbatível na vida. Isso é conversa", disse FHC, após participar de uma palestra na universidade LSE (London School of Economics and Political Science), ontem, em Londres. Segundo o ex-presidente, uma prova de que o futuro das próximas eleições presidenciais ainda não está selado foi a derrota da candidata do PT, a atual prefeita Marta Suplicy, no recente pleito municipal de São Paulo, para José Serra, do PSDB. "Ele [Lula] é uma pessoa que tem uma série de características positivas. Ele é um líder popular. Agora, também se achava que a presença dele em São Paulo foi muito forte e que a candidata dele ganharia a eleição. Perdeu", disse FHC. Na opinião dele, o resultado das últimas eleições municipais mostrou que há uma pluralidade grande em todo o país. Isso faz, de acordo com ele, com que haja muitos partidos competitivos, inclusive o dele -o PSDB. Sobre os nomes que ele considera fortes entre os quadros do seu partido, respondeu que há várias opções. Em tom de brincadeira, descartou seu próprio nome. No topo de sua lista, vem Geraldo Alckmin, governador de São Paulo: "Certamente, o governador de São Paulo é um nome. Até porque nós tivemos uma votação muito expressiva não só na cidade de São Paulo mas no Estado de São Paulo. Mas não é o único". O governador de Minas, Aécio Neves, o senador Tasso Jereissati e o governador de Goiás, Marconi Perillo, foram outros citados como possíveis opções do PSDB. Arquivos da ditadura Sobre a decisão do governo Lula de abrir os arquivos da ditadura (1964-1985), FHC disse que, dificilmente, algo de relevante será encontrado: "Quando eu estava na Presidência, conversei com o ministro do Exército e ele me garantiu que não há nada que seja comprometedor lá. Não é que não exista documentação. É que, dificilmente, essa documentação estará nos arquivos", disse FHC. Já sobre o fato de o governo brasileiro ter reconhecido a China como uma economia de mercado, afirmou que se trata de "um reconhecimento da realidade". No debate na LSE sobre formas de ampliar a participação da sociedade civil na ONU (Organização das Nações Unidas), FHC criticou o FMI (Fundo Monetário Internacional). Em resposta a uma pergunta de alguém da platéia -composta principalmente por estudantes- , afirmou que, se já é difícil que o FMI ouça os governos, muito mais complicado é fazer com que escute a sociedade.