- 20 de agosto de 2025
Brasília - No instante em que assume o comando do Executivo de Roraima, resgatado no redemoinho de crise moral sem precedentes, Ottomar de Sousa Pinto (PTB) pode estar seguro de que contabiliza, certamente, o maior apoio político e popular de que se pode ter registro na história do estado. Talvez, em caso sem dúvida excepcional, seja possível anotar situação semelhante na posse de Getúlio Cruz, em 1985, quando o primeiro roraimense foi conduzido ao posto máximo do então Território Federal. Toda a cidade foi receber o filho ilustre: pessoas emocionadas, chorando, torcendo por condução administrativa que contemplasse à maioria, mas que findou em situação mórbida, depressiva, com a exoneração acontecida menos de dois anos depois. Ah, a história! Que tipo de efeito causaria, nos ganhos sociais e nas próprias relações pessoais, se pudéssemos lê-la dentro de análise correta? São poucos os privilegiados que conseguem tal alcance. Karl Marx (1818-1883) diz que a história acontece a primeira vez como farsa e, na segunda, como tragédia. Santayana nos diz que uma das maiores lições da história é que ninguém aprende nada com ela. Nicolau Maquiavel (1469-1527), um dos que mais profundamente entenderam a natureza humana (a qual Marx assegurava não existir), escreveu livro primoroso (O Príncipe), indispensável a interessados por política e ciências sociais. Hoje, em estilo mais detalhado, mastigado, para os que sentem dificuldade com Maquiavel, existe o excepcional "As 48 Leis do Poder", narrando normas de comportamento e exemplificando acontecimentos. Tudo isso vem à lembrança no momento em que presenciamos o repetir permanente da história, às vezes apresentando os mesmíssimos personagens, ou modificando um nome ou outro, mas trazendo oportunidades que a grande maioria desejava ter para si numa única implorada ocasião, embora alguns pouquíssimos se vejam conferidos por mais de uma vez . Ottomar de Sousa Pinto se insere no último caso. Será possível cair nos mesmos desacertos, depois de enxergá-los claramente a céu aberto? É impressionante observar pessoas que há até bem pouco diziam horrores da figura incansável e obstinada do atual governador (como o deputado estadual Urzeni Rocha, por exemplo), segui-lo agora como quem obedece a cordonéis invisíveis que controlam os fantoches (mas é preciso estar atento, porque o boneco muitas vezes quer assumir o controle). Urzeni, inclusive, que não ocultava palavras de baixo calão ao se referir ao ex-governador (quando ainda destronado), conseguiu a façanha de levá-lo ao município do Cantá para apoiar candidatura municipal previamente derrotada (a do irmão), mas nem mesmo assim se viu agradecido. Logo que constatou estar só e derrotado, retomou repertório desairoso e deselegante, menosprezando a graça recebida. Ei-lo de volta a beijar-lhe os pés. E assim pululam, em torno do vencedor, os que de tudo fizeram para lhe arrancar os lauréis. Como víboras venenosas a aguardarem momento exato de bote fatídico. Nas ruas, nos bairros, nos mais distantes rincões, perpassa inegável sensação de alívio, até mesmo entre os que faziam oposição, porque Roraima está como terra arrasada, o patrimônio danificado, quase tudo destruído e Ottomar tem passado e realizações. Mas as aves de rapina, à espreita, esperam primeiro as migalhas, para em seguida retomarem o farnel. Eles se acham os únicos com direito. E matam toda a esperança. É preciso pois, que se aprenda com a história. Por que tudo é breve e o tempo urge. Email: [email protected]