- 20 de agosto de 2025
A ascensão do governador Ottomar Pinto ao governo de Roraima renova as esperanças da coletividade roraimense. Marca o fim de um longo período em que o Estado esteve mergulhado na inoperância. Com o processo de cassação correndo no TSE, faltava ao ex-governador legitimidade para impulsionar a máquina administrativa. A exceção nesses dois anos e meio passados ficou por conta de raros setores. O da segurança pública, ainda que em parte, é um exemplo da exceção. Hoje o Estado conta com um novo quadro de pessoal na Polícia Civil que, presume-se, esteja livre dos vícios do antecessor. Assim mesmo, não há muito o que comemorar. É uma Polícia desaparelhada. Nela faltam armamentos, munições e até mesmo viaturas para o desempenho seguro e eficaz de suas atividades. No setor da saúde, a situação é ainda mais crítica. Os hospitais que funcionam sob a responsabilidade do Estado, assim como os da Prefeitura de Boa Vista, estão todos caindo pelas tabelas. Entre as maiores dificuldades pode-se listar que não existem medicamentos básicos para o atendimento de emergência; equipamentos destinados a exames de rotina e outros mais especializados sem condições de uso; a posse dos novos servidores também representou e ainda representa uma defasagem considerável, por estrita falta de prática. Esse fator, aliás, tem sido responsável por denúncias de mortes por falta de cuidados adequados. No setor social, a exemplo do que ocorre no restante do País, o descaso é igualmente significativo. A falta de empregos em Roraima é um problema que há muito extrapolou níveis suportáveis. Aumenta a cada dia o número de crianças nas ruas pedindo para vigiar carros em locais estratégicos como feiras e supermercados. A malha viária do Estado é algo também responsável por tirar o sono de qualquer governante. É grande o número de localidades espalhadas pelo interior onde os produtores rurais encontram-se no dilema de plantar ou não plantar. Isso, por falta de estradas capazes de permitir o escoamento da produção até os diversos centros consumidores. Esses são apenas uma pequena mostra dos problemas que esperam soluções ágeis do Governo que ora assume os destinos desta que é uma das mais novas unidades da federação. Ottomar está herdando um Estado com as finanças depauperadas ao extremo. Não só pela vergonhosa sangria praticada aos cofres públicos nos últimos tempos - fato que levou a Polícia Federal a executar prisões a torto e a direito - mas também pela falta de credibilidade para a entrada de novos recursos. Tudo isso, no entanto, são dificuldades que existem para ser superadas. O caminho foi indicado ontem pelo vice-governador Erci de Morais (PPS): a união incondicional das lideranças políticas em favor de uma saída honrosa e urgente para o desenvolvimento. O Estado já perdeu muito tempo com querelas outras. Precisa buscar o seu norte para o bem de todos e a felicidade geral. Ações de pulso devem ser realizadas de imediato. Em entrevista concedida a um canal de televisão local, o governador mostrou que está pegando carona nesse viés. No caso da saúde, ele promete melhorar o quadro caótico em trinta dias. Outro dos primeiros atos de Ottomar no governo será a restauração do Departamento de Estradas de Rodagem (DER/RR) que, no entendimento de muita gente, inclusive deste articulista, jamais deveria ter sido extinto. Acabar com o DER/RR, tomando como pretexto o antro de corrupção e roubalheira que ali se instalou em determinado momento, soou como se para extinguir os acidentes de trânsito, que matam algo em torno de 50 mil pessoas anualmente no País e provocam um prejuízo anual de mais de 200 milhões de reais, se extinguissem todas as montadoras de automóveis. Seria mais proveitoso fazer a limpeza da casa que derrubá-la em razão do lixo acumulado. Eis a hora da faxina. Novos tempos são chegados. (*) Jornalista; e-mail: [email protected]