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JÁ VAI TARDE - Márcio Accioly

Brasília - Flamarion Portela (sem partido), por decisão tomada pelo TSE - Tribunal Superior Eleitoral, foi finalmente defenestrado do cargo de governador de Roraima, na noite de terça-feira (09). O ex-chefe do Executivo bem que tentou manobrar, através de seus representantes legais, mas de nada valeram os esforços. Ele agora está consciente de que irá enfrentar outra série de graves dificuldades, começando com o item que se refere à contabilidade financeira de sua gestão. Desde que teve seu diploma eleitoral cassado pelo TSE, no último mês de agosto, Flamarion e seus seguidores sabiam claramente que tudo ficara resumido a mera questão de tempo.


Brasília - Flamarion Portela (sem partido), por decisão tomada pelo TSE - Tribunal Superior Eleitoral, foi finalmente defenestrado do cargo de governador de Roraima, na noite de terça-feira (09). O ex-chefe do Executivo bem que tentou manobrar, através de seus representantes legais, mas de nada valeram os esforços. Ele agora está consciente de que irá enfrentar outra série de graves dificuldades, começando com o item que se refere à contabilidade financeira de sua gestão. Desde que teve seu diploma eleitoral cassado pelo TSE, no último mês de agosto, Flamarion e seus seguidores sabiam claramente que tudo ficara resumido a mera questão de tempo. Foram milhões e milhões de reais gastos inutilmente, com advogados, recursos cuja origem imprime gritante suspeita de ilegalidade. O então governador passou a conduzir sua administração com foco centrado em verdadeiro exercício pirotécnico: apresentava projetos irrealizáveis, que demandavam longo período de tempo, enquanto anunciava mudanças no governo como se tudo estivesse correndo na maior tranqüilidade. Enganava a si próprio. Refém de manobras efetuadas pelo esperto senador Romero Jucá Filho (PMDB-RR), que se considera acima do bem e do mal na condição de relator-geral do Orçamento, sua ex-excelência acreditava que detinha não apenas a chave dos cofres estaduais, mas também a cobertura de tribunais e o respaldo político nacional de forças objetivas e ocultas para todo tipo de transação e atividades escusas. Viu-se envolvido pela inegável qualidade de habilidoso prestidigitador, exibida por aquele aliado parlamentar, correndo agora o risco real de se ver recolhido à Cadeia Pública de Boa Vista. Assim como aconteceu com seu antecessor. Mas não será pego de surpresa, pois seu procedimento sempre teve tudo de calculado e reprovável. Por seis votos a favor e um contra, o TSE determinou a imediata expedição do diploma eleitoral do segundo colocado, Ottomar de Sousa Pinto (PTB), bem como sua posse no cargo. E aí começam os dissabores do afastado: o novo governador pretende realizar auditoria em todas as contas, levantando gastos efetuados nos mais variados setores. Existem indícios concretos de generalizada corrupção. Basta lembrar que um irmão do ex-governador, Audemar Carvalho de Souza, possui panificadora que fornecia à administração estadual desde arruela que evite desgaste de peça aparafusada, passando por alimentos integrantes da merenda escolar, até a entrega de cimento, cal virgem, tijolos e argamassa. Com tal presteza e versatilidade, não faltaram sugestões para que a dita panificadora fosse incluída no livro mundial dos recordes. O novo governador, Ottomar, tem agora árduo trabalho pela frente: refazer as contas, limpar a casa, recuperar as estradas e reativar uma economia paralisada por desvios que beneficiavam apenas meia dúzia de apaniguados. Roraima está como terra arrasada, depois de uma década em mãos absolutamente irresponsáveis. Vai ser necessária a mobilização de todos e o empenho decidido na reversão de expectativas. Como num castelo de cartas, as mentiras da gestão Flamarion não encontraram sustentação. A miséria se alastrou a olhos vistos e a falta de esperança alimentou nível de violência que colocou o estado entre os primeiros na escala nacional de criminalidade. O que se espera agora é a reversão do quadro, na ação firme e tranqüilizadora do novo chefe do Executivo. O governador cassado prometia ficar até o fim do mandato. E ficou. Só que ele acabou na noite de terça-feira última, de forma melancólica e vergonhosa. Email: [email protected]

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