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DESCULPA ESFARRAPADA - Por Aroldo Pinheiro

Noite de Sábado Marina tinha compromisso: aniversário da melhor amiga. Abelardo, seu marido, que se encontrava adoentado e sem condições de acompanhá-la, incentivou-a a ir para a festa, recomendando, porém, que não voltasse muito tarde nem abusasse do álcool. Veja o desenrolar dessa história na crônica de Aroldo Pinheiro.


Noite de Sábado Marina tinha compromisso: aniversário da melhor amiga. Abelardo, seu marido, que se encontrava adoentado e sem condições de acompanhá-la, incentivou-a a ir para a festa, recomendando, porém, que não voltasse muito tarde nem abusasse do álcool. A festa foi verdadeiro sucesso; amigas que não se viam há muito tempo estavam ali tomando aperitivos e colocando os assuntos em dia, uma beleza de reunião. Marina perdeu a hora e a conta dos uísques tomados; lá pelas tantas, preocupada, saiu à francesa. Preocupou-se com o atraso, mas não com seu nível alcoólico; saiu da festa, cantando pneus e dirigindo em zigue-zagues. No caminho matou dois cachorros, atropelou um gato e catou guia oito vezes. Por milagre chegou ilesa em sua casa; o carro, que foi deixado do lado de fora, pois nossa motora não teve condições de passar no portão, chegou com spoiler avariado, um farol destruído e três pneus arriados devido aos encontrões durante a viagem de volta. O marido de Marina não a recebeu de braços abertos, mas, gentleman que é, não fez cobranças. Nossa heroína deixou-se cair na cama e, praticamente, desmaiou. De manhã, ao acordar, ficou por alguns instantes olhando para o teto, tentando recapitular a noitada; só lembrava até a terceira dose do néctar da vida. "Como cheguei em casa?" "A que horas?" "Meu Deus, ainda bem que não aconteceu nada de grave..." Marina levantou-se, tomou um demorado banho e aprontou-se para seus compromissos. Chegando à garagem levou tremendo susto ao vê-la vazia; apressou-se a abrir o portão e deu com seu veículo no estado relatado acima. Abelardo, de longe, sem emitir palavra, acompanhava seu desespero. Marina sacou o celular e fez rápido telefonema para seu mecânico de confiança: - Ceará, vem aqui em casa urgente... Estou muito aborrecida... preciso que você reboque meu carro e o repare ainda hoje... O mecânico chegou com seu ajudante e, após demorada análise do estado do veículo, balançou a cabeça e perguntou: - O que aconteceu dona Marina? Esta, com ar de revolta, respondeu: - Ceará, esse negócio de emprestar carro é horrível. Você acredita que meu cunhado, o Andrezinho, me pediu o carro para levar a namorada a um aniversário...., eu ainda recomendei: Andrezinho, não beba; álcool não combina com direção!" Acordei lá pelas quatro e ele ainda não tinha voltado. Pensei: "Tudo bem, devem ter dado uma esticadinha até um motel." Quando levantei, vi meu carro aqui fora, neste estado.... Aquele menino me paga! Seu marido, a olhava assustado, a história era tão convincente que, por alguns segundos, teve raiva do irmão caçula.

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