- 20 de agosto de 2025
Pela liberdade de expressão
Edersen Lima, Editor
Brasília - O deputado Édio Lopes exige na Justiça que o Fontebrasil seja proibido de publicar qualquer opinião ao que ele classifica de "ataques pessoais, irônicos e qualquer imputação de fato definido como crime contra o autor da ação e sua família, sob pena de multa, por evento, de R$ 50 mil."
O deputado Édio Lopes quer censurar este site, único veículo em Roraima a publicar suas traquinagens ao usar a cota de passagens áreas, que é para uso de transporte de parlamentares a trabalho, em deleite a passeio a Europa junto com a mulher e ainda bancando o mesmo trecho para casal de amigos. Isso, como presente de aniversário de casamento. Isso com dinheiro do contribuinte.
Não seria de se estranhar que as despesas com hotéis e restaurantes em Paris, Lisboa e Barcelona não tenham sido pagas pela verba indenizatória, tamanho a farra com que deputados tipo Édio Lopes fizeram e ainda fazem, usando dinheiro público para pagar contas pessoais. Contas de viagens a turismo e não a trabalho.
Como o Fontebrasil publicou suas traquinagens, o deputado Édio Lopes exerceu covarde e desesperada ação. Procurou dois deputados da bancada para fazer ameaças de que iria denunciar na Corregedoria da Câmara que ambos empregavam gente que escrevia contra ele. O corregedor da Câmara, deputado ACM Neto, chegou a conversar com um deputado sobre a queixa de Édio, que exigia que eu e meu pai fossemos demitidos.
Juntando essa ação com a que o próprio Édio Lopes me revelou em tom de galhofa em outubro do ano passado, que mandou o filho menor de 15 anos "se apresentar à Polícia" para gerar uma atitude indecorosa e leviana ao incitar cabos eleitorais a invadir uma delegacia em Mucajaí, e assim influenciar no resultado da eleição no dia seguinte, não nos restou alternativa para protestar em artigo publicado neste Fontebrasil, questionando que exemplo, que formação estaria Édio dando a um filho menor de 15 anos a forjar uma situação que não existia, a protagonizar uma farsa?
Sim, amigo leitor, Édio Lopes se vangloriou do factóide que criou levando cabos eleitorais e parte da população de Mucajaí a acreditar que a Polícia Civil havia detido seu filho menor a mando de outro deputado federal. Por pouco, a delegacia não foi invadida. Por pouco, a lição do deputado Édio ao seu filho não se transformou em tragédia.
Imagens de tudo isso. Da entrada de Édio na delegacia visivelmente embriagado, exaltado, empurrando policiais, procurando ser agredido, retirando "à força" o filho que não estava detido, pulando a cerca ao invés de sair pelo portão e instigando dezenas de correligionários contra os policiais, estão gravadas e serão expostas na Justiça da mesma forma como depoimentos de pessoas que o deputado Édio Lopes deve e não paga, de gente humilde que já sofreu ameaças dele em Mucajaí, e dos deputados que ele pressionou em Brasília.
Cabe aqui relatar que no mês passado, o ministro do STF, Celso de Mello, em uma sentença proferida em favor do jornalista Juca Kfouri, escreveu: “o texto da Constituição da República assegura ao jornalista, o direito de expender crítica, ainda que desfavorável e mesmo que em tom contundente, contra quaisquer pessoas ou autoridades”.
A justiça ainda não se manifestou sobre o pedido de censura do deputado Édio Lopes. É claro que qualquer decisão da justiça será respeitada por mim, pois não tenho o costume de transgredir as leis e as normas de boa conduta, quer em situações como esta, quer no trato com bens públicos. Do mesmo modo como nunca fui sequer suspeito de usar dinheiro público com gastos pessoais, não serei acusado de desrespeitar uma decisão judicial, mesmo considerando censora e opressora caso ela venha a ser proferida contra a liberdade de expressão. Irei, se for preciso, recorrer pelos meios legais, como um cidadão de bem faz.
Mantenho a mesma opinião sobre o deputado Édio Lopes e continuo, como muitos, esperando o dia de vê-lo se explicar sobre o uso de cota de passagens a trabalho, financiando turismo na Europa, com mulher e amigos, questão imoral e indecorosa que qualquer servidor público pego sentiria na pele o rigor da lei. Espero, também, ele explicar a incitação que promoveu na delegacia de Mucajaí. Não será a intenção de calar o Fontebrasil que me acovardará ou intimidará.
Rui Barbosa disse: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a rir-se da honra, desanimar-se da justiça e ter vergonha de ser honesto”. Ao contrário disso, sinto-me seguro e confiante que o caminho que escolhi trilhar é o certo: o da informação e da justiça. É por este caminho que acredito superar toda e qualquer adversidade que possa aparecer, e ei de transpô-las, uma a uma, sem nunca lançar mão de métodos covardes, vergonhosos ou tortuosos.
Rui Barbosa, disse, ainda: "A força do direito deve superar o direito da força". Penso que da mesma forma o uso da censura jamais deverá superar o direito à liberdade de expressão.