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Edersen Lima

Dá o exemplo, Mecias


Dá o exemplo, Mecias

Brasília - O deputado Mecias de Jesus vai subir amanhã a tribuna da Assembléia Legislativa para protestar pela "falta de segurança" em Roraima. Sábado passado em um arraial realizado na igreja nossa Senhora da Consolta, o carro da sua mulher, Darbilene Rufino, a Darbi, foi arrombado tendo objetos roubados. Mecias vai cobrar mais ação policiial, principalmente da Polícia Militar, responsável por esse tipo de segurança.
 
A indignação do homem do milagre da multiplicação dos bens é compreensível. Quem paga seus impostos quer retorno disso em serviços. No entanto, ele bem poderia \"\"dar exemplo. Isso porque, faltam homens e mulheres fardados para ser empregados no policiamento ostensivo da capital e dos municípios do interior. A Polícia Militar precisa urgentemente fazer concurso público para recompor o efetivo. Isso é fato corriqueiro na imprensa roraimense, e agora, com mais profundidade por Mecias.
 
No entanto, o que ocorre e isso não é divulgado é que existe um altíssimo nível de desvio de função entre os PMs, com aquiescência da própria instituição. A maior parte dos policiais militares desviados de suas funções está prestando serviço de vigilância privada a alguma instituição pública, entre elas a Assembléia Legislativa (ALE).
 
Além do serviço de vigilância ao prédio da ALE, parlamentares empregam PMs como segurança particular, afrontando todos os regulamentos internos da corporação. E aí é que vem o exemplo que pode ser dado pelo milagreiro de Roraima. Como ex-presidente da ALE, Mecias de Jesus, mantém quatro policiais militares a seu dispor 24 horas por dia, sete dias por semana.
 
Esses servidores públicos travestidos de seguranças privados, além de serem homens a menos no policiamento ostensivo, oneram o contribuinte de forma escancarada, onde são remunerados para dar segurança apenas a um cidadão. Viajam para cima e para baixo. Acompanham o ex-presidente da ALE dentro e fora do estado. Em cada viagem dessas são emitidas diárias, passagens, e o que mais há de direito. 
 
Nem mesmo o governador de Roraima, quando viaja para fora do estado, leva seguranças a tira-colo. É claro que a questão da segurança é algo que se deve levar em conta, mas, como tudo na vida, precisa ter limite. Mecias é igual aquele slogan do cartão American Express, não sai de casa sem levar seus seguranças, todos policiais militares treinados para combater a criminalidade.
 
Surge, então, uma pergunta: Por que Mecias de Jesus, que se considera tão querido dentro do estado, precisa de forte aparato de segurança armada, envolvendo homens que ostentam armas e pistolas de alto calibre a quem quiser ver?
 
Amanhã, durante o protesto de Mecias ao arrobamento do carro de Dárbi, os nobres deputados poderão repensar uma nova maneira de agir, principalmente porque o assunto envolve uma questão crucial, que é a segurança pública do estado. Sabe-se que ex-presidente da ALE gasta com segurança, hoje, mais que o próprio presidente, deputado Chico Guerra.
 
É de se questionar também o fato de que esse grande número de policiais militares que acompanha Mecias de Jesus em atividade duiturna, em suas andanças aqui e acolá, ter fraco respaldo em um Decreto assinado pelo próprio, enquanto presidente da ALE, sem que tenha sido devidamente analisado e votado em plenário. 
 
Numa análise mais rude, acredita-se que todo cidadão, que paga seus impostos religiosamente, merece o mínimo de segurança. Aquela que é prestada, ostensivamente, por uma equipe de policiais - motorizada ou a pé. Aliás, o morador da periferia da capital há muito está sentindo a falta desse tipo de apoio. É ele quem mais precisa de segurança.
 
Se Mecias fez algo que mereça proteção, daí andar com todo aparato policial, que banque do seu bolso e não do contribuinte. Dinheiro para isso não é problema. Para quem multiplicou seu patrimônio em 25 vezes em 10 anos, bancar segurana privada do próprio bolso é fichinha. Assim sendo, dá o exemplo, Mecias.
 
Enquanto isso, na vale tudo...
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