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Edersen Lima

Aniversário de 10 anos


Aniversário de 10 anos

Brasília - Em 2013 fazem 10 anos da operação Praga do Egito, da Polícia Federal, que prendeu políticos e autoridades acusados de desviarem mais de R$ 200 milhões \"\"dos cofres públicos com o esquema de emprego de "laranjas" no governo de Roraima, e que passaram procurações assinadas em cartório para que tais políticos e autoridades recebessem seus salários, isso, sem que tivessem conhecimento. Os "laranjas" eram chamados de "gafanhotos" pois "comiam a folha de pagamento do estado".
 
De lá pra cá, quase todos acusados foram julgados e condenados à prisão, mas ninguém está preso. Todos os acusados e condenados estão soltos, empregados em alguma esfera do Poder Público e até com mandato eletivo. Outros, como o caso do ex-governador Neudo Campos, já condenado em primeira instância da Justiça Federal a mais de 60 anos em regime fechado, foi candidato novamente a governador em 2010, e briga na Justiça Eleitoral para assumir o comando do estado. Demonstrou que não teme o que é decidido nos tribunais.
 
Um dos maiores beneficiados do esquema dos gafanhotos, o deputado Mecias de Jesus, que responde junto com a mulher Darbilene Rufino do Vale, mais o sogro e um \"\"cunhado por peculato e formação de quadrilha, sequer foi julgado. Seu processo está mofando há anos. Em fevereiro do ano passado, a 12ª Vara do Tribunal Regional Federal da 1ª Região recebeu missão de ouvir o senador Mozarildo Cavalcanti, aliado fraternal de Mecias, como sua testemunha de defesa. Quando foi localizado, Mozarildo, por ter forum privilegiado, ficou de marcar hora e local para ser ouvido. Isso até hoje, 4 de março de 2013, 13 meses depois, ainda não ocorreu.
 
No ano passado, Mecias foi candidato a prefeito de Boa Vista, capital roraimense. E em entrevistas a veículos que lhe apóia, já anuncia que deverá concorrer ao governo do estado. Faz isso de forma festiva, pois deve crer que não corre risco nenhum de ver o seu processo ser julgado e dele, ser condenado. Para isso, conta com a leniente complacênca do Ministério Público Federal que não questiona toda essa lerdeza da Justiça.
 
Recentemente, Mecias foi notícia nacional, destaque da revista Época com a reportagem "A lambreta da alegria". Isso porque, ele, simplesmente como presidente da Assembléia Legislativa de Roraima (2003 a 2011), criou um trem da alegria (efetivou mais de 70 pessoas sem concurso público) que beneficiou sua mulher Darbilene, e companheira de processo judicial dos gafanhotos. Dárbi, para fazer sabe-se lá o quê na ALE ganha mais de R$ 9 mil mensais. Em novembro, sem tirar férias, acompanhou o marido em viagem de férias antecipada ao Caribe a Las Vegas. Regalias e privilegio \"\"que os demais servidores da ALE, com certeza, não desfrutam.
 
De acordo com investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, Dárbi, como é conhecida nas colunas sociais, desviou entre os anos de 2000 a 2002, R$ 822 mil só em procurações de 'laranjas" para a sua conta. Isso consta no inquérito da Polícia Federal que investigou as traquinagens do casal. Perguntinha: Quanto vale hoje, mais de 10 anos, R$ 822 mil?
 
Ainda sobre Mecias de Jesus, de acordo com suas declarações patrimoniais entregues ano passado à Justiça Eleitoral, ele elevou em mais de 10 vezes o seu patrimônio no espaço de apenas oito anos. Como, com apenas o salário de deputado conseguiu esse milagre é pergunta que não teve resposta. Denúncias teriam sido feitas à Receita Federal sobre esse "milagre da multiplicação dos bens".
 
Por fim, Neudo Campos deu entrevista outro dia anunciando que nos próximos meses assume o governo de Roraima. Ou seja, espera que a Justiça Eleitoral casse o mandato do governador José de Anchieta. Na realidade, o anúncio de Neudo nada mais é que a prova da crença na impunidade e na inoperância da justiça em não fazer valer o que é decidido nos tribunais. Enquanto isso, acende-se velinha pelo aniversário de 10 anos das prisões dos gafanhotos.

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