Em busca de um lugar ao sol
Brasília - O incêndio em uma loja de cópias de documentos virou tema político. Aliás, em Roraima, tudo vira questão política. Respira-se política dia e noite. É sempre o assunto do momento. Deixa-se o foco, o motivo, a causa dos fatos para entrar no campo das conjecturas, das especulações e da constante campanha em busca de um lugar ao sol com base na política partidária.
Nas redes sociais a preocupação maior da oposição sobre a loja que pegou fogo foi apontar o dedo para o governo, para a "ineficiência" do poder público e até para o governador José de Anchieta e sua mulher, Shéridan, como se o casal tivesse responsabilidade pelo incêndio que ocorreu - que ainda não se sabe a causa - e pela demora em contê-lo.
Houve problemas e atraso na atendimento do Corpo de Bombeiros ao incêndio? Sim, houve. Depois de iniciado o fogo, o estrago na loja poderia ter sido evitado? Pouco provável, mas isso, só os laudos sobre a causa do sinistro poderá revelar.
O carro que atendeu o incêndio teve uma peça quebrada, isso poderia ter sido evitado? Dificilmente, se ela não estava mais dentro do prazo de validade. No entanto, e se tal peça ainda estivesse dentro do prazo de validade?
É estranho o que ocorreu com o carro dos Bombeiros. Um oficial, antecipando à Coluna que não queria plantar nenhuma teoria da conspiração, levantou o questionamento sobre a peça que quebrou e gerou o atraso no atendimento. "É pública a disputa e rivalidade de comando dentro dos Bombeiros. Uma investigação (sobre os problemas no carro) pode esclarecer essas dúvidas e questionamentos", comentou.
Do mesmo modo, há de se apurar a real causa do incêndio na loja composta de material inflamável e de fácil combustão. Há de se apurar também em que grau de situação o incêndio se encontrava quando foi detectado para se saber o que poderia ter sido evitado em prejuízo caso os Bombeiros tivessem chegado em menos tempo. Mas acredita-se que pouca coisa ou quase nada. O fogo se estendeu rápido e os bens maiores da loja, máquinas de reprodução, são compostas por plástico e demais produtos de fácil combustão.
Um fato lastimável, um prejuízo de uma vida, um desalento que não se mede que estão sendo usados de forma politiqueira, de maneira a tirar proveito da tragédia alheia. Esse é o pior jeito de se fazer política, na base do quanto pior, melhor. Mas fazer o quê, se esse é o jeito que algumas pessoas em Roraima encontraram para buscar um lugar ao sol.