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Edersen Lima

Fazendo papéis de otários


Fazendo papéis de otários

Brasília - O que mais chamou a atenção nas redes sociais durante a campanha eleitoral passada foi o grau de agressividade com que alguns assessores dos três principais candidatos à Prefeitura de Boa Vista se manifestaram. Nos embates em defesa dos seus assessorados e ataques aos adversários, até amizades foram jogadas fora pelos apaixonados assessores. Muitas ofensas e muitos constrangimentos foram destilados à toa.
 
Essa gente esquece ou não sabe que político é o bicho mais sem vergonha que existe na face da Terra. Hoje, se acusam, se denunciam e se agridem, e amanhã estão juntos, lado a lado no mesmo palanque, falando a mesma língua, de mãos dadas e dedinhos entrelaçados, deixando os assessores apaixonados com cara de otários.
 
Roraima já viu de um lado e do outro se atacando mutuamente Romero Jucá e Ottomar Pinto em duas eleições consecutivas (1990 e 1994). E unidos, juntos, em 1998 e em 2002, para em 2006, estarem novamente em lados opostos, se atacando \"\"mutuamente e até com mais ferocidade.
 
O senador bom de pratos requintados, Mozarildo Cavalcanti (foto ao lado), por exemplo, gravou um vídeo na eleição de 1990 em frente à Cadeia Pública afirmando que alí seria "a nova residência do brigadeiro Ottomar". Mais contrariedade e agressividade que isso, nunca existiu em outras campanhas eleitorais em Roraima.
 
Já o saudoso brigadeiro que adorava "batizar" seus adversários, chamava Mozarildo de "Dr. Manguaça", que ele era "latifundiário urbano" pela quantidade de terrenos localizados em áreas privilegiadas que herdou em Boa Vista e que "nem bicho do pé" ele deixaria Mozarildo tirar, colocando em dúvida a competência médica do desafeto.
 
No entanto, em 2006, Mozarildo era "o senador de Ottomar". E se hoje ele desfruta do uso de verba pública (indenizatória) para pagar seus almoços e jantares em restaurantes de luxo em Brasília como costuma desfrutar, se deve ao brigadeiro que ele afirmava em alto som e imagens que moraria na Cadeia Pública. E cadeia é lugar de quê?
 
Na noite da véspera da morte de Ottomar, Mozarildo lhe negou o único pedido que ele havia lhe feito: Votar a favor da CPMF que em contra-partida, o presidente Lula assinaria a regularização das terras de Roraima. Revoltado com a desconsideração de Mozarildo, Ottomar disse ao secretário Haroldo Amoras que assim que pousasse em Boa Vista, revelaria a traição de quem ele elegeu para o Senado. O infarto fulminante o impediu disso. 
 
Fica no ar, outra pergunta: Nessa relação entre Ottomar e Mozarildo, diante do que ambos falaram um do outro, quem era puro ou inocente, e quem era bandido, ingrato ou oportunista?
 
\"\"Vamos a um exemplo mais recente de como o político não tem vergonha do que fala e faz. Em setembro passado, durante um café da manhã na casa de um advogado e na presença do defensor público Oleno Matos, o então candidato Mecias de Jesus, aceitou fazer acordo político-judicial com um desafeto seu, descartando qualquer entendimento que atendesse um assessor que o defende na internet.
 
"Ele (o assessor) que se f... . Não mandei ele fazer nada!", disse Mecias, na frente do advogado e do defensor público, que são testemunhas dessas declarações. Bonito para cara do dedicado e orgulhoso assessor, que publicou, todo serelepe, declarações de Mecias contra seu desafeto, mas que depois o próprio Mecias sentava à mesma mesa para selar um acordo de paz e entendimentos com quem hostilizara.
 
Se serve como consolo para o assessor, o acordo que Mecias topou fazer, não se concretizou. E não se concretizou porque o desafeto dele não topou. É preciso dizer o nome do desafeto ou você consegue adivinhar quem é?
 
Sobre essas situações de assessores tomarem as dores dos patrões e até brigarem com pessoas amigas só porque elas não comungam das mesmas opiniões, me faz lembrar o saudoso Laucides Oliveira, o Mestre Lau, que se manteve acima de qualquer picuinha e discussão acerca de nomes, times de futebol e religiões. Dizia ele: "O problema de certos puxa-sacos não é querer só agradar o chefe. É querer adivinhar o que agrada o chefe."
 
E até que esses assessores apaixonados se toquem que político é desprovido de certos orgulhos, dogmas, memória e vergonha, vão assistir tudo quanto é tipo de composições partidárias, acordos e entendimentos depois de terem jogado muitas amizades fora e feito papéis de otário, para quem ainda quer que eles se f... .

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