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Edersen Lima

O exemplo de Jesus, o Mecias


O exemplo de Jesus, o Mecias

"Não tenho ódio, nem rancor, nem desejos de vingança. A exemplo de Jesus, sempre perdoei as ofensas contra mim e contra minha família. Ao invés de agredir, eu proponho o amor. Ao invés da vingança, proponho a fé. Ao invés da violência, proponha a paz."
 
O amigo leitor deve pensar que as afirmações acima fazem parte de alguma oração. Não, não fazem. As afirmações acima fazem parte é do primeiro parágrafo de um texto assinado pelo candidato Mecias de Jesus, em direito de resposta, publicado neste Fontebrasil há exatamente uma semana. As palavras messiânicas acima contradizem em tudo com o ato de violência e agressividade que Mecias de Jesus \"\"protagonizou ontem na Assembléia Legislativa, depois de ouvir relato de fatos verdadeiros.
 
Os tais fatos que desequilibraram o candidato à Prefeitura de Boa Vista, que se diz "um homem do bem" foram relatados pelo deputado George Melo, que subiu à tribuna da ALE para rebater o que Mecias acusou semana passada e não lhe deu aparte para o debate.
 
Com a e decisão do juiz federal Leandro Saon, nas mãos, George Melo informou ao plenário que a Justiça tornou indisponíveis os bens de Neudo Campos, Mecias de Jesus, do sogro Alfonso Rodrigues, do cunhado Donilvon Rufino e da mulher dele, Darbilene Rufino do Vale, devido aos processos que respondem por desvio de dinheiro público, apropriação criminosa de salários, peculato e formação de quadrilha do rumoroso Escândalo dos Gafanhotos.
 
George criticou a condição privilegiada de Darbilene, proporcionada por Mecias que a efeitvou na Assembléia sem concurso público com salário e ganhos que hoje passam de R$ 9 mil por mês. Mecias criou uma lei que sobrepõe à Constitução Federal e que beneficiou sua mulher, o que é inconstitucional.
 
Para a platéia e para a imprensa, Mecias respondeu que não contratou Darbilene, e mostrou o edital com a sua contratação. Mas não foi isso que George Melo disse. Ele afirmou com documentos oficiais em mãos que, "Darbilene foi efetivada no quadro permanente da ALE pelo marido", então presidente daquele Poder, o que é verdade.
 
Isso foi o suficiente para Mecias esquecer o que escreveu há uma semana: "Eu não tenho a menor capacidade psicológica de agredir alguém. Eu sou um homem que tem, primeiro Deus como bastião, depois minha família como alicerce de vida. O que me moveria a agredir ou cometer o mal a alguém?"
 
Resposta: Ser contrariado e ver expostas suas ações irregulares.
 
Para quem afirma que não tem "a menor capacidade psicológica para agredir alguém", que "primeiro tem Deus como bastião", agredir com tamanha violência um colega de parlamento como mostram as imagens veiculadas acima é, no minimo, um contraditório sem tamanho.
 
Mecias alegou que foi ofendido por George e que só defendeu a honra da sua família. Que prove, então, com imagens e áudio o que afirma. Em nenhum momento se viu durante aquela sessão, qualquer palavra ou frase que ferisse de morte a honra de Mecias, da sua mulher Darbielene ou de sua família que justificasse sua agressividade. Mecias está com a obrigação de provar o que afirma.
 
E mesmo admitindo que George tenha ofendido Mecias - o que, repete-se, não se viu ou ouviu - aonde estavam o equilíbrio, a sensatez e o "exemplo de Jesus" que Mecias diz ter e seguir?
 
É de se imaginar o que teria acontecido se por ventura Mecias estivesse armado.
 
No texto publicado semana passada neste Fontebrasil, Mecias afirma, também: "Eu não tenho disposição nenhuma em agredir tampouco patrocinar atitudes covardes contra qualquer ser humano, mesmo que essa pessoa se denomine minha inimiga". Depois da violência e agressão que protagonizou ontem, quem acredita nisso?
 
As afirmações de Mecias, publicadas no Fontebrasil, se deram como resposta à responsabilidade que apontei ser dele ou de gente próxima a ele, caso algum mal me acontecesse devido às denúncias e opiniões que publico sobre sua atuação parlamentar. Coisa muito parecida com o que George fez ontem quando expõs os processos judiciais em que o candidato à PMBV é réu, e que por pouco não lhe causaram ferimentos mais sérios.
 
Para variar, Mecias diz que é vítima de um ataque "infame" de seus adversários porque está subindo disparado nas pesquisas de intenção de voto para PMBV. Mas quem demonstrou ontem na ALE está desesperado não foi Telmário Mota e nem Teresa Surita. Ora, se Mecias está tão bem nas pesquisas, que está subindo que nem foguete, por que daquela reação?
 
Mecias de Jesus agiu como um animal, não como "um homem do bem" que não tem "a menor capacidade psicológica para agredir alguém", e como se espera de um político que quer governar a capital do estado. Serenidade e equilíbrio é o mínimo que se espera de todo homem de bem e de todo político, e não ódio, rancor, desejos de vingança que ele afirma não carregar.
 
Mecias deve, sim, desculpas a quem agrediu, aos colegas de parlamento e à sociedade que representa pela falta grave que cometeu ao decoro. Suas alegações não justificam seu ato violento. Seus argumentos em "defesa da honra e da família" não colam pois sabe-se que em nenhum momento isso aconteceu. Se redimir e se desculpar é o que se pode esperar de quem afirma seguir "o exemplo de Jesus", o messias e não Mecias.
 
* As imagens acima fazem parte do vídeo que está no YouTube ( http://www.youtube.com/watch?v=Hsiy9zDVIIg ), e mostram que o candidato Mecias de Jesus partiu para a agressão contra o deputado George Melo.

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