00:00:00

Edersen Lima

Embalagens precárias


Embalagens precárias

Há anos, quando a política não era uma profissão e sim, uma forma de buscar meios que atendessem a sociedade, o eleitor avaliava o curriculo de todos os candidatos, que, por sua vez, sempre tinham alguma coisa a informar sobre ações e feitos realizados que o credenciavam a disputar uma vaga nos legislativos ou nos executivos de suas cidades, estados e no país. Os candidatos eram produtos que tinham garantia e origem conhecidas. Eram consistentes.
 
Votava-se nesse e naquele nome pelo o que ele havia realizado. Se médico, os atendimentos que efetuou e os resultados deles eram avalistas de sua eleição. Se professor, o quanto de alunos ensinou e formou. Se advogado, sua atuação em juris, e por aí ia...
 
Quem não tinha feitos, não se elegia. Isso, até hoje pesa, mas nem tanto diante do poder econômico de muitos candidatos. Tiremos aqui como único exemplo para não estendermos de mais, o empresário colombiano naturalizado brasileiro, Móises Lip Nik, que chegou em Roraima com o objetivo de obter um mandato de senador e depois, de deputado federal. 
 
Lip dizia que não devia nada ao povo, pois já havia pago pelo voto recebido antecipadamente. No quesito sinceridade, ele ganhava disparado.
 
De uns tempos pra cá, com as vantagens e benefícios cada vez maiores, a política passou a ser disputada pela abertura de portas e negócios que poderiam acontecer, e que acontecem. Há quem queira um mandato só para atender sua vaidade. Ter verbas indenizatórias que possam bancar suas passagens aéreas em visitas a parentes, seus banquetes em restaurantes de luxo, sua gasolina, que possam lhe dar um dinheiro extra como auxílio-moradia mesmo tento casa própria, e por aí vai...
 
O que vemos todos os dias nas ruas de Boa Vista, e em especial nos programas de rádio e TV das coligações partidárias é uma turma de candidatos completamente sem noção, sem simancol e sem curriculo, sem feitos e ações realizadas que os credenciem a representar os cidadãos na Câmara de Vereadores.
 
Sem citar nomes, tem candidato que mal completou o ensino fundamental, não carrega em sua vida nada que signifique que realizou alguma ação social que beneficiou pelo menos meia dúzia de pessoas, e que não tem a mínima idéia do que vai fazer na Câmara, fora o que faria com salário e benefícios.
 
A culpa de tantos nomes sem feitos e sem chances de eleição concorrerem e baixarem o nível qualitativo da campanha são dos partidos e das coligações que aceitam qualquer um como candidato. A ordem está invertida. Primeiro querem se eleger para depois fazerem algo pelo povo. Isso é comprar produto sem nenhuma garantia, de origem desconhecida e que vem em embalagens precárias.
 

Últimas Postagens