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Opinião Formada

Respeito pela coisa pública


Respeito pela coisa pública


Hoje, 21 de abril, o Brasil inteiro está mobilizado em torno de um objetivo comum: chamar a atenção para os níveis insuportáveis da corrupção que se alastra país afora. Em Boa Vista, o evento tem como tema o “Dia do Basta”, e se realizará a partir das 9h, na Praça do Centro \"\"Cívico. Em Brasília, será a III Marcha Contra a Corrupção.

Seja que nome tenha, o importante é o engajamento da sociedade civil organizada. É necessário que cada cidadão lance mão de todos os meios possíveis para demonstrar sua indignação com a falta de vergonha que toma conta de grande parcela dos políticos com mandato e de alguns líderes da administração pública.

A dinheirama que escorre pelo ralo da corrupção em todo o país é por de mais espantoso, chega a R$ 69 bilhões ao ano, segundo estudo realizado pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp – números de 2010).

Não dá mais para o cidadão se manter inerte e omisso, cotidianamente, diante de notícias de rapinagem de recursos destinados à saúde, educação, infraestrutura, habitação e saneamento. A corda está muito esticada e não demora a arrebentar. É inadmissível que um país tão rico veja seu povo morrer como indigente em corredores de desaparelhados hospitais e postos de saúde porque algo em torno de 30% em verbas foram desviados.

Porém, é importante que a mobilização de hoje não seja contaminada por agentes estranhos. Esses agentes podem ser os próprios políticos, que buscam aproveitar-se da oportunidade para se autopromover diante da grande massa reunida. Ou líderes de sindicatos, muito pouco interessados na lisura de atitudes no serviço público e sim, em votos.

Aqui em Brasília, por exemplo, os organizadores da "marcha" vetaram a participação de políticos e recusaram as ofertas de carros de som e trios, feitas por sindicatos. O protesto é cívico e não político partidário ou sindical.

O que se defende é o princípio da honestidade como ato corriqueiro e não como lampejos de lucidez. O brasileiro precisa aprender que o agir direito é uma obrigação de todos e não uma atitude que, isoladamente, mereça ser festejada com fogos de artifício.

Ser desonesto já se tornou tão normal na sociedade que quando alguém age diferente é motivo de elogios em rede nacional de televisão. Alguém ainda se lembra de José da Silva Fernandes, um gari de Caicó (RN), que virou celebridade, no ano passado, por devolver ao dono 100 mil reais encontrados por ele no lixo?

A sociedade terá hoje, novamente, a oportunidade de dizer aos políticos, oportunistas sindicais e demais gestores públicos divorciados da boa-fé que o povo não aguenta mais tamanha corrupção. Que nossa índole é de gente trabalhadora, que dá duro de sol a sol, mas que exige, acima de tudo, respeito. Respeito pela coisa pública.
 
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