- 20 de agosto de 2025
Sobre neudos e getúlios
Entre os cânceres a corroer a vida socioeconômica do país, certamente, a morosidade da justiça é um dos mais destrutivos. A morosidade é usada com maestria pelos defensores de criminosos contumazes, principalmente daqueles que se locupletam do Erário, tomando posse do dinheiro público como se particular fosse.
Exemplo gritante do parágrafo acima atende pelo nome de Paulo Maluf. Pelo menos quatro gerações de brasileiros nasceram ouvindo falar que ele é ladrão, e hoje, com 80 anos, apenas uma vez ficou preso temporariamente. Maluf não pode entrar nos Estados Unidos. Se for para lá, será preso por sonegar dinheiro depositado em bancos americanos.
Outro exemplo, para regionalizar essas linhas mal traçadas, podemos ver na vida de dois ex-governadores de Roraima, um do extinto território federal, Getúlio Cruz, e o outro, mais recente, do estado, Neudo Campos. Em comum, ambos são acusados e condenados pela Justiça Federal de terem se beneficiado de recursos públicos – montanhas de dinheiro – de uma forma desbragada, ou seja, perderam a modéstia ao investir com voracidade contra o Erário.
A empatia e a identidade que há entre eles são grandes. São, hoje, aliados políticos militando na oposição, ambos condenados pela justiça federal pelos mesmos crimes – desvio de dinheiro público, peculato e improbidade administrativa, traquinagens praticadas enquanto estiveram instalados no poder e com a caneta na mão.
Ambos não demonstram qualquer interesse em ver seus processos julgados. Neudo, por exemplo, se quisesse se ver julgado e provar sua inocência, teria se submetido ao martelo do Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta corte de justiça do país, em 2010, momentos antes das eleições para governador do estado.
Em vez disso, em uma insidiosa manobra, ao renunciar ao mandato de deputado federal às vésperas do seu processo entrar em pauta de julgamento no STF, evitou o julgamento. Desprezando a inteligência dos roraimenses, alegou que fazia aquilo por querer ficar mais perto do eleitor. Ganhou o prêio
"Óleo de Peroba" daquele ano.
Aliás, condenação na vida de Neudo em primeira instância na esfera da Justiça Federal é fato consumadíssimo. E condenação nada econômica: 52 anos de prisão. Permanece livre graças à tal morosidade da justiça, a mesma que permitiu que o assassino Pimenta Neves esperasse 11 anos para ver o sol nascer quadrado. A mesma que mantém Maluf solto há pelo menos quatro gerações.
Como irmão-gêmeo de Neudo no procedimento nada recomendável a um governante, Getúlio Cruz também foi condenado por desvio de dinheiro pela mesma Justiça Federal por um crime ocorrido há mais de 20 anos. Jamais passou um dia na cadeia e ainda se permite ao luxo de dar aulas de moral e ética com a coisa pública todos os dias no jornal que, antecipadamente, passou para os nomes dos filhos antes de ser condenado a devolver dinheiro público desviado.
Se as condenações impostas a casos como esses, em que o Erário foi escandalosamente lesado, não são executadas de fato, isso se deve à morosidade da justiça que, ao retardar a execução das penas, beneficia o réu e, como consequência, penaliza toda a sociedade. É por essas e outras que a população grita por uma urgente Refoma do Judiciário.
Até lá, enquanto a reforma não vem, quantos neudos e quantos getúlios continuarão a usar com maestria a morosidade da justiça, apresentando desculpas esfarrapadas e ensinando como se deve agir com ética e moral com a coisa pública?
Da madrileña série "Autorias Próprias"...

Na Plaza del Sol, quem não descobrir o inusitado, poderá ver na última foto.

Templo de Debot, um dos mais belos e singelos parques de Madri.

Los Mariates.

Vem, pelegada, encarar esse trio!