- 20 de agosto de 2025
Independente de posição ideológica
Roraima volta a viver dias de incerteza com a decisão do Tribunal Regional Eleitoral de cassar, pela segunda vez, o mandato do governador José de Anchieta, fato ocorrido na noite dessa terça-feira (13). Quem ama o estado, independente de posição ideológica, sabe que um evento dessa natureza em nada ajuda. Muito pelo contrário: contribui para criar um clima de instabilidade, com respingos negativos em todos os segmentos da sociedade.
Esse filme não é inédito. Roraima já o assitiu em 2004, quando da cassação do então governador e hoje deputado estadual Flamarion Portela. Durante o período de pré-cassação, reinou um clima de instabilidade generalizada. Só para se ter uma idéia, diferente do que ocorre hoje, o comércio só vendia à vista para o governo pois temia o calote. Não havia projetos em andamento, muito menos um norte a ser seguido.
Se existe alguém com conhecimento de causa para se posicionar ferrenhamente contra esse processo que a imprensa comprometida investe, este alguém chama-se Flamarion Portela. Ele se viu no olho do furacão e, com certeza, se sentiu impotente para dele sair. Foi um processo tão desgastante que, mesmo tendo sido governador do estado, conhecido de norte a sul, tendo implantado programas sociais que até hoje são executados, não conseguiu, depois, obter votos suficientes para se eleger deputado estadual na eleição seguinte, em 2006.
Por isso, acredita-se que Flamarion deveria ser a voz da ponderação. Sofreu na pele a rejeição pública, mesmo se dizendo inocente ao longo de todo o processo. Ao agir como bombeiro e não como incendiário neste momento de travessia da História roraimense, Flamarion estaria dando demonstração pública de que, verdadeiramente, põe os interesses do estado acima dos pessoais. Além disso, estaria se redimindo junto aos eleitores que nele confiaram, no pleito de 2002.
Nesse caldeirão em que o estado se vê mergulhado, a governabilidade não pode ficar à deriva, ao bel-prazer de babalaôs, que mais atrapalham que ajudam. Não pode fica sujeita à retórica do senador Mozarildo Cavalcanti que é perfeitamente dispensável haja vista o seu procedimento, no mínimo imoral, diante das arcas do Tesouro – altíssimos gastos com jantares e reuniões sociais, tudo pago com dinheiro do trabalhador contribuinte, entre outros ainda não divulgados.
Outra autoridade que precisa estar consciente da importância e dos melindres do momento é o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Chico Guerra. Afinal, este é o lapso da história roraimense a exigir dose redobrada de maturidade. Qualquer passo em falso pode levar a sociedade a viver dias de angústias jamais vistos, coisa que ninguém deseja, independentemente da posição ideológica assumida.