- 20 de agosto de 2025
O folclórico padre Anselmo
Edersen Lima
De Brasília
O deputado Mecias de Jesus foi à tribuna da Assembléia Legislativa de Roraima para mais uma vez se dizer vítima. Agora, de uma trama para matá-lo. A declaração de Mecias lembra um caso vivido pelo folclórico padre Anselmo que, depois de promover muitas estripulias, não mora mais em Roraima.
Há motivos para suspeitar da veracidade do que Mecias afirmou. Logo de cara ele já avisa que não revelará quem é essa "fonte" que lhe fez tamanha revelação e que ele pretende atender o pedido de "sigilo eterno sobre o seu nome\'.
É muito fácil e leviano revelar que é vítima de uma trama mortal sem querer informar quem o alertou sobre o caso com tamanho grau de informação: "Só já não fizeram isso por falta de oportunidade, ou porque quando essa oportunidade surgiu, não tiveram coragem de seguir em frente naquele momento”.
Parceiro do senador Mozarildo Cavalcanti, onde juntos patrocinam o blog que ataca o Judiciário e seus adversários políticos, Mecias segue no mesmo caminho do aliado que em todas as eleições, onera o contribuinte com despesas de seguranças do Senado que passam os meses de campanha eleitoral acompanhando Mozarildo sem qualquer registro de qualquer hostilidade contra ele.
Descendência política
Mecias de Jesus atravessa momento de descendência política. Em 2009, acusado de traição, deixou de ser o candidato prefencial do governador José de Anchieta a vice em 2010. Deixou a Presidência da ALE que durante oito anos lhe proporcionou infra-estrutura invejável para fazer política. Perdeu disputa nos municípios em que tem reduto eleitoral como de São João do Balisa, São Luís do Anauá e Caroebe. Viu o sogro, o ex-vereador Alfonso Rodrigues, ser preso embora tenha colocado corpo de advogados para mantê-lo no cargo mesmo depois de condenado por estelionato. E terá que cumprir a palavra que deu no café da manhã em sua casa de que renunciaria a liderança da oposição em janeiro, caso Anchieta fosse absolvido no TSE.
Sobre esse café da manhã na casa de Mecias (avaliada em R$ 800 mil e não declarada à Justiça Eleitoral em 2010), foi um prenúncio do que foi o Parlamazon organizado por ele, ou seja, um fiasco. Quatro deputados (Brito Danadão, Soldado Sampaio, Sargento Damosiel e Diego Coelho) mesmo convidados com antecedência não foram ao café da manhã em claro sinal de que não o seguiam mais.
Encostado na parede, sem responder como enriqueceu seu patrimônio em 10 vezes em apenas oito anos e de como conseguiu pagar mais de R$ 23 milhões naquela coisa onde se localiza a ALE, Mecias torceu pela cassação de Anchieta que lhe seria favorável para se manter líder da oposição. Como deu chabú, tem a saída honrosa em esperar um pouco mais, até janeiro, para perder mais um espaço.
Se isso tudo acima não é descendência política, é o quê?
Perguntas
O que a realidade mostra é que, ao contrário do papel de vítima que volta e meia interpreta, os desafetos e adversários de Meciais é que são vítimas da
elaboração de dossiês, de tentativas de atentados e de acusações difamatórias.
Quem enviou o assessor braço direito J.R. Rodrigues para Recife realizar investigações sobre o partimônio do deputado Rodrigo Jucá, justamente quando o mesmo assessor servia de fonte para matéria especulativa na revista Época sobre o líder do governo no Senado, Romero Jucá?
Quem mandou dois galerosos ameaçar jornalista que revelou dados sobre o estupendo crescimento do seu patrimônio?
Quem contratou quadrilha de asseclas para difamar e caluniar quem revela dados que não esclarece à sociedade?
Se Mecias é capaz de envolver a própria mulher Darbilene Rufino do Vale (foto) em esquema de desvio de dinheiro público e apropriação
criminosa de salários alheios, o que rendeu a ela prisão e processo criminal na Justiça Federal, do que não poderia ser?
Convenhamos que inventar um factóide se dizendo vítima de uma trama mortal é muito mais fácil que realizar todas as questões acima.
Cabe aqui um registro: O amigo leitor mais atento vai lembrar que, de todas as situações em que se diz vítima, Mecias também é acusado de promovê-las contra seus adversários e desafetos, numa espécie de usar o ataque como defesa.
Mas por que o título deste texto?
Em 2008, o folclórico padre Anselmo, acuado por acusações diversas, sofreu um "atentado". Segundo o religioso, um pistoleiro deu cinco tiros a menos de 10 metros de distância dele quando chegava em sua casa no início da noite. Cinco tiros dados contra um homem gordo a menos de 10 metros e nenhum lhe acertou.
Torço que a falta de coragem dos "algozes" de Mecias de Jesus, permaneça para sempre e que ele continue realizando o que mais gosta na vida como atuar na política e fazer filhos, mas, se por maldade do destino tal trama esteja mesmo em andamento, rogo que os "algozes" do deputado dos milagres tenham contratado o mesmo pistoleiro - de exímia pontaria e competência - que atentou contra a vida do folclórico padre Anselmo.