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Opinião Formada

De olho na divisão do butim


De olho na divisão do butim

O ex-governador Neudo Campos foi condenado pela Justiça Federal a cumprir 52 anos de prisão acusado de comandar o famoso “Caso Gafanhotos”. O crime ocorreu durante o período em que ele governou Roraima – 1998 a 2002. Neudo é considerado o chefe da quadrilha que surrupiou dos cofres do estado mais de R$ 70 milhões. Parte da imprensa roraimense deletou isso de seus arguivos e pautas.

Maior alidado de Neudo, o deputado Mecias de Jesus, líder da oposição na Assembleia Legislativa, tem a vida pública recheada de questionamentos sem respostas, situação que lembra em muito uma tábua de pirulito. É dono de processos por desvio de dinheiro público, peculato e formação de quadrilha que ainda precisam chegar ao ápice dos julgamentos nos tribunais.

Entre as estripulias pendentes de esclarecimento, está a explicação plausível para o emprego de mais de R$ 23 milhões na adequação do prédio da Assembleia Legislativa, que o deixou com aspecto de estação rodoviária com ginásio de espotes de extremado mau gosto. A obra foi executada durante a gestão de Mecias de Jesus na ALE.

Enquanto o custo do metro quadrado da construção civil em Roraima era de R$ 839,55, o então presidente Mecias de Jesus pagou a bagatela de R$ 2.449,00, num custo que tem cheiro e cor de superfaturamento que extrapola, sob qualquer ângulo, as raias da normalidade.

E Mecias não é o único da família a responder por rolos na Justiça.  Sua mulher, Darbilene Rufino do Vale (foto), chegou a ser presa em novembro de \"\"2003, por envolvimento no “Caso Gafanhotos”, juntamente com o pai Alfonso Rodrigues e demais associados.

Na terça-feira passada, foi grande o burburinho que se criou diante do pedido de vista do juiz Paulo César Dias Menezes. O pedido obrigou a suspensão temporária da votação do último julgamento do governador José de Anchieta, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Quem chegasse de Marte acharia que o que houve foi uma irregularidade extrema com envolvimento de magistrados, quando não passou de um ato corriqueiro. Todo juiz tem o direito de pedir vista de um processo quando não se considerar suficientemente convencido para proferir o voto.

E foi só isso o que aconteceu no início da noite daquele dia 22 de novembro. Até porque o juiz Paulo César Menezes é um magistrado isento de qualquer envolvimento político. Ninguém pode jogar-lhe pedras, vez que até agora nenhum deslize de sua parte fora detectado. Isso o inclui na lista dos bons julgadores reconhida no ato de seu pedido, pelos demais colegas de plenário que lhe manifestaram total e irrestrito apoio.

Diante de todo esse novelo de suspeitas de atos criminosos praticados por líderes da oposição num estado carente como é Roraima, surge uma pergunta que incomoda a quem tem o mínimo de bom senso: o crime compensa?

Parece que sim. Porque, apesar do espantoso histórico e de vergonhosa folha corrida, especialmente de suspeitas de assalto aos cofres públicos, os condenados e outros na fila da condenação continuam livres, leves e soltos, e ainda aventam ser personalidades legítimas para arguir o direito de continuar no comando dos destinos de Roraima. Um verdadeiro acinte aos cidadãos de bem.

O pior é que esse malfadado pleito se dá com o apoio irrestrito e até aguerrido de uma banda da imprensa local que, antes de usar seus veículos de comunicação para empreender o bem comum, mira tão somente na possibilidade de ter seus nomes incluídos na lista dos que farão parte na divisão do butim

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