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Opinião Formada

O cinismo


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O cinismo

Edersen Lima, Editor

Brasília - O cinismo é a maior marca do político que não fala a verdade. E o ex-deputado Neudo Campos depois do "honroso" título de campeão nacional de processos por peculato, desvio de dinheiro público e formação de quadrilha, concorre hoje ao invejável posto de político campeão na categoria "cinismo aberto".

A presepada criada com um boato que três gatos pingados disfarçados plantaram sobre uma trama de que Neudo seria preso com a desculpa de que estaria se preparando para fugir do país é a mais estapafúrdia dos últimos tempos. Diretamente, seus divulgadores, pessoas contratadas por gente ligada ao ex-deputado, acusam o Ministério Público Federal, a Justiça Federal e a Polícia Federal de um ardil "complô jurídico" como divulgou o site da oposição (ver abaixo).

O tal "complô" foi denunciado por uma colunista da Folha de B. Vista, o jornal que, entre tantas demonstrações de "imparcialidade", não publicou os resultados das pequisas do Ibope às vésperas das eleições de 1º e 2º turnos do ano passado que apontavam Neudo em segundo lugar, mesmo elas \"\"divulgadas cinco horas antes do fechamento do jornal. E a colunista que denunciou o "complô" é quem, depois de ser demitida da Casa Civil do governo, passou a ser a maior crítica do governo José de Anchieta.

Diante da falta de repercussão na sociedade, o jeito foi o próprio Neudo convocar uma coletiva para dizer que entregou o seu passaporte em demonstração de que não irá fugir do país. Ora, qual país da América do Sul exige passaporte de brasileiro hoje em dia? A carteira de identidade é o suficiente para atravessar as fronteiras vizinhas e Neudo sabe bem disso. Mas o povão, não.

Jogo de marketing. Puro cinismo. Iguais à desculpa que deu para renunciar ao mandato de deputado federal no ano passado logo depois de saber que o Supremo Tribunal Federal iria colocar o seu processo em julgamento, argumentando que renunciava "para ficar mais perto do povo". Então, Neudo, o senhor só descobriu que ficava longe do povo depois de três anos e nove meses em que foi deputado?

E como o senhor não confia na Justiça Federal em Roraima, por que abriu mão de ser julgado pela mais alta corte do país, onde estão os mais competentes, sérios e imparciais magistrados?

Neudo fugiu foi do julgamento no STF no ano passado por puro medo de ser preso. E quem é capaz de manter uma desculpa cínica como a que apresentou é bem capaz de promover outra menos desavergonhada, como a de entregar o passaporte depois de ouvir boatos. Como se boatos fossem verdades. Como se o MPF, a Justiça Federal e a Polícia Federal fossem instituições corruptas, que participam e promovem complôs à torta e à direita.

Dois juízes federais julgaram e condenaram Neudo Campos a 51 anos de prisão somados. Isso não é boato. Não é factóide. Isso é realidade. E aos 66 anos de idade, Neudo sabe bem que se vive é num mundo real e não de boatos. É triste e constrangedor que, para quem foi o primeiro governador filho da terra, depois de ter sido eleito pela confiança do povo, o que fique é a maior marca do político que não fala a verdade: O cinismo.

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