- 20 de agosto de 2025
Edersen Lima
Boa Vista
Mozarildo e suas coerências
Nota publicada ontem aqui na Coluna informou como funciona o senso de coerência do senador Mozarildo Cavalcanti. Ele critica e resmunga contra o fato do governador José de Anchieta continuar no cargo com liminar pedida e consentida pelo Tribunal Superior Eleitoral até que a corte decida sobre o processo que responde. Mozarildo, por sua vez, defende que Roraima seja governado pelo amigo e aliado Neudo Campos, que tem três condenações na
justiça federal por desvio de dinheiro público e formação de quadrilha. Neudo soma 51 anos em regime fechado.
O senso de coerência de Mozarildo parece está ligado ao seu senso de interesse político. Neudo governador lhe daria apoio em 2014, que é para onde ele olha. Já com Anchieta governando, ele se torna provável concorrente do senador. Daí, entender como funciona esses sensos e graus comuns de coerencia política.
Ainda ontem, a Coluna questionou Mozarildo. Ele, no lugar de Anchieta, com direito constitucional de poder recorrer contra decisão de primeira instância, nesse caso o TRE, não o utilizaria?
Mozarildo não só exibe senso de coerência questionável como surgem com tinta forte em seu perfil as palavras demagogia e hipocrisia. Quem acredita que ele defenderia o mesmo contra Neudo Campos ou que, repete-se, estando no lugar de Anchieta não faria uso dos mesmos direitos?
A coerência mozarildiana ensina que o importante é poder está no poder. Em 2002, estava ele abraçado a Flamarion Portela criticando Ottomar Pinto. Dois anos depois, arrumava malas e cúias para fincar base no grupo do brigadeiro que ganhou o governo no TSE. Conseguiu ser seu candidato ao Senado em 2006 com a promessa de fidelidade total. Rompeu com isso na primeira oportunidade que Ottomar teve em lhe pedir algo, como o voto a favor da continuação da CPMF em troca da transferência das terras do estado. Isso aconteceu na noite do dia 10 de dezembro de 2007. Ottomar saiu da reunião visivelmente irritado e decepcionado. Morreu na manhã do dia 11 daquele ano sem contar com apoio de quem elegeu seu senador. Esses fatos foram contados por uma testemunha, o secretário Haroldo Amoras.
Outro dia, Mozarildo - aí, o leitor analisa se coerentemente ou não - , foi chamado de "senador meia-sola" pelo governador Anchieta. Foi o único político a questionar e pedir a retirada do ar de um site, o "A voz da verdade", que até lhe fazia certos elogios, segundo conversas de bastidores da política. Entrou com ação judicial contra Anchieta, contra sabe-se lá quem pela autoria das informações contidas no site e contra quem publicou que fora chamado de "meia-sola". Mozarildo não achou que tais considerações foram-lhe coerentes. E com todo respeito, vamos e venhamos, se tem algo que Mozarildo entende, é de coerência.