- 20 de agosto de 2025
Que mostrem as suas verdades!
Edersen Lima
De Paris
"A imprensa é a vista da nação. Por ela é que a nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alvejam, ou nodoam, mede o que lhe cerceiam, ou destroem, vela pelo que lhe interessa, e se acautela do que ameaça." Rui Barbosa
Nos últimos oito anos, o leitor roraimense se acostumou com as notícias e opiniões veiculadas neste Fontebrasil. Somos claros na nossa linha editorial que desde o primeiro dia pregou e ainda prega que não há imparcialidade no Jornalismo. Não somos imparciais. Nunca defendemos isso. Na realidade,
damos a cara para bater expressando nossos pensamentos!
Nesses anos, pelas informações e opiniões que veiculei, ganhei "admiradores especiais" que me processam na Justiça. Esses "admiradores" preferem buscar nos tribunais o que poderiam, já que a verdade está com eles, me desmentir. E não há, amigo leitor, condenação maior para um jornalista, para um veículo de comunicação, do que ser desmentido, do que ver sua opinião desconstruída pela verdade.
Eu, que assino esta Opinião Formada, tenho em particular três "admiradores especiais": Getúlio Cruz, Jonatan de Jesus e o pai, Mecias de Jesus. Meu crime, nos processos movidos por eles, é bem diferente dos que Getúlio responde - já com uma condenação na Justiça Federal -, e do que Mecias e sua mulher Darbilene, são réus, acusados de participação ativa no Escândalo dos Gafanhotos. Com relação a Jonatan, respondo pela interpretação clara que tive quando ele foi flagrado dando língua para um fotógrafo.
Ou seja, respondo pelas informações e opiniões que publico. Em nenhuma dessas informações e opiniões, nenhum dos meus "admiradores especiais" se preocupou em me desmentir com suas verdades embora tivessem todo o direito e espaço neste Fontebrasil para isso, ou na Folha de B. Vista e no Roraima Hoje, jornais que lhes apóiam. Meu crime, então, é pura e simplesmente de opinião.
Já os crimes que Getúlio e Mecias respondem na esfera federal da Justiça Brasileira, são por peculato, desvio de dinheiro público e formação de
quadrilha. Um no famoso rombo da dragagem do rio Branco, coisa de US$ 10 milhões (dez milhões de dólares) na década de 1980; já o casal De Jesus (foto ao lado), pelo não menos famoso Esquema dos Gafanhotos, coisa besta, em torno de R$ 200 milhões surrupiados dos cofres públicos do estado de Roraima, e que na quarta-feira passada, 27, condenou o ex-governador Neudo Campos a 16 anos de prisão em regime fechado.
Ao longo desta semana que se inicia, vou usar o espaço que tenho - espaço esse que meus "admiradores especiais" pleiteiam censurar e punir na Justiça -, para continuar exercendo o meu papel de jornalista e de cidadão que gosta e se preocupa com Roraima, cobrando a verdade dos fatos e expressando meu pensamento sobre os mesmos fatos.
Lamento que eles (Getúlio Cruz, Mecias e Jonatan de Jesus), homens públicos, tenham outra preocupação e não exerçam o dever e a obrigação de todo homem público: o de esclarecer os fatos e desmentir o que erradamente é tratado como verdade.
Ao contrário disso, nas ações que movem, não desmentem, não explicam, não esclarecem o que aponto. Apenas se colocam como "homens públicos de bem" ofendidos e profudamente atingidos em suas honras e dignidades pelas minhas palavras. Getúlio, Mecias e sua mulher Darbilene não imaginam como o cidadão comum, contribuinte, sente, em vê-los como réus acusados de roubo de dinheiro público.
Fatos, deveres, obrigações, crimes de opinião e de peculato à parte, durante esta semana espero que os sentimentos de respeito e consideração não só aos leitores deste Fontebrasil, que podem muito bem ser eleitores de Mecias e de Jonatan, e simpatizantes de Getúlio, prevaleçam nas consciências dos três. Que me desmintam. Que mostrem então as suas verdades!