- 20 de agosto de 2025
O plural de "a casa caiu"
Edersen Lima, Editor
Brasília - O presidente da ALE, Mecias de Jesus está demitindo funcionários alegando "contenção de gastos". Coincidentemente, o pequeno gigante está passando o rodo nos servidores da Casa que votaram em José de Anchieta. Se não é perseguição política, é prova de que algo errado na sua administração ocorreu e agora "a casa caiu", como ele se referiu a alguns funcionários.
Não é de hoje que meio mundo em Roraima sabe que os mais de R$ 100 milhões que passaram este ano pelos cofres da ALE foram gastos de maneira não muito convincente. O que chama a atenção é que o fiscal da sociedade, o Ministério Público Estadual não viu e nem ouviu nada quando alguns servidores demitidos ao longo deste ano denunciaram esquemas de repasses de salários.
Nenhum promotor ou procurador questionou o atraso nas obras do "Jesusão", aquele prédio reformado que mais parece um ginásio esportivo disfarçado de rodoviária, e muito menos se posicionaram ao custo final elevadíssimo daquele "mostrengo".
Não é a primeira vez que promotores e procuradores do Ministério Público Estadual passam batido não vendo coisas estranhas na ALE, como foi o caso dos gafanhotos, só descobertos graças à ação do Ministério Público Federal. Uma vergonha para o MPE que havia recebido denúncia de servidores, mas não deu bola.
Nenhum promotor ou procurador do MPE, nem por curiosidade, questionou o que a ALE faz com tantos recursos. Este ano, foram mais de R$ 100 milhões para 24 deputados e sabe-se-lá quantos funcionários. Só como base, cada deputado, só neste 2010, custou quase R$ 3 milhões aos bolsos do contribuinte.
Ninguém no MPE desconfia de uso da máquina legislativa na campanha dos deputados. No entanto, se os gastos da ALE com gráficas, com locadoras de carros, com empresas de publicidade e a distorção de quanto foi pago este ano em relação aos anteriores com horas extras para servidores da Casa forem devidamente analisados, pode se chegar a alguma conclusão.
Não é de se questionar como a ALE até outubro mantinha gastos com pessoal e da noite para o dia, a dois meses de se encerrar uma legislatura, demite centenas de pessoas com o argumento de "contenção de gastos"? Só agora, depois da eleição, é que a Mesa Diretora viu que estava gastando mais do que devia com pessoal? E o que mais, além da folha de pagamento, gerou desequilíbrio nas contas da ALE, que era exemplo de boa administração?
Antes que a relação harmoniosa entre o MPE e a ALE vire desconfiança de conluio entre as duas instituições, seria recomendável que suspeitas de prevaricação, por um lado, e de improbidade administrativa, por outro, fossem devidamente apuradas e afastadas. O crime de quem rouba pode ser menor daquele de quem deixa roubar. Aí, não será mais "a casa caiu" e sim, o seu plural.
