- 20 de agosto de 2025
Religiosidade vagabunda
Todo ser humano se ressente da necessidade de um ser superior a quem adorar. Para muitos, esse ser é Deus, o criador. Para outros, uma divindade qualquer. Há quem coloque o dinheiro como objeto de adoração. Para esses, a medida do ter, como diziam os antigos, nunca enche. Daí, é fácil descambar para as estripulias que, em qualquer país sério, terminam sempre na cadeia.
Há também aqueles que, em nome de Deus, ultrapassam as raias da razão, perdendo as estribeiras. Um exemplo é a chamada guerra santa, travada secularmente entre judeus e palestinos. Alimentados por uma religiosidade às avessas, ao arrepio da compreensão e do perdão, esses dois povos descambam para a violência e a intolerância.
Trazendo o tema para o ocidente, mais precisamente para Roraima, é fácil ver pessoas e mais pessoas “aceitando Jesus” nas reuniões públicas, e continuarem na mesma. Nenhuma mudança de vida. A embriaguez, a soberba, a luxúria, a violência, a intolerância em atos, palavras e ações continuam entranhadas em seu ser, tal como o odor do cigarro no fumante.
O ser humano vive hoje um período em que a religiosidade ocupa cada vez mais espaço na vida das pessoas. Prova disso são os inúmeros programas de TV 24 horas no ar, infestados de doutrinas que nada têm a ver com a verdadeira com a verdadeira Palavra. Levando mensagens ufanistas, vitoriosas, por um lado, e por outro, o declarado cinismo e hipocrisia dos lideres oportunistas.
Outros vão mais longe. Enxergando a mina de ouro que a situação lhes oferece, misturam alhos com bugalhos, religião com política, ora como candidatos, ora como analistas. Um religioso quer seja ele evangélico, muçulmano, judeu ou católico é munido da compreensão, da busca pela paz e perdão.
O que se tem visto, porém, não combina com a verdadeira religião que, segundo o apóstolo Tiago, consiste em “visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo”.
Ao invés disso, o que reina é a irresponsabilidade dos atos, promessas falsas, intolerância e fingimentos. Essa prática espúria não deveria combinar com a legítima política partidária, que tem como motor o bem da sociedade.
Este Fontebrasil é laico, mas se sustenta na fé que o nosso destino é construído por graça e obra do Grande Arquiteto do Universo. Cremos que o homem é digno de erros e acertos. Mas abominamos os que, em nome da indignação e revolta, que escondem o oportunismo e uma religiosidade vagabunda, justifiquem seu comportamento, mesmo afirmando que "aceitaram Jesus".