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OPINIÃO FORMADA

Uma mera euforia!


Edersen Lima
De Brasília

EDITORIAL - Uma mera euforia!

“Nós sempre tivemos pendente essa espada sobre a minha cabeça, embora eu sempre tenha afirmado e reafirmado a certeza da minha candidatura, porque eu sempre acreditei nisso e, sobretudo em Deus. Foi um ato de Deus ser incluído no último dia na pauta de julgamento do TCU”.

Essa afirmativa faz parte do discurso do deputado Neudo Campos (PP), em coletiva à imprensa depois que recebeu a notícia de que havia sido julgado e absolvido de uma condenação pelo Tribunal de Contas de União (TCU). O julgamento se dera no dia 30 de junho, o chamado “dia feliz”.

Porém, toda comemoração não passou de factóide para se criar clima de campanha, Neudo ainda se vê às voltas com outros rolos. Precisa desatar o nó da condenação aplicada anteriormente pelo mesmo TCU, com relação às obras não realizadas por ele na construção do Anel Viário de Boa Vista, quando governava Roraima. 

A verdade é que no “dia feliz” as comemorações não tiveram tanto brilho assim. Precisaram ser comedidas, em razão de o candidato haver pulado apenas uma fogueira. Outras mais ainda persistem, como fantasma, a lhe assombrar. Toda a jactância em clima do “já sou candidato” pode não passar de mera euforia.

A qualquer momento, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para mostrar que a tal Lei da Ficha Limpa é para valer, poderá impugnar sua candidatura, deixando-lhe “na mão”, para desespero de amigos e correligionários que esperam novamente vê-lo governador.

O caso de Neudo é emblemático. Mas o imbróglio não se resume a ele. Outros tantos políticos do mesmo naipe provam do tal purgante. Em sua fala, Neudo cita Deus pelo menos em duas ocasiões, o que faz lembrar o deputado João de Deus, aquele, considerado o líder dos “Anões do Orçamento”.

Sem trocadilho, João era um legítimo apadrinhado de Deus (até no nome) a ponto de invocar sua proteção eficaz. Sob o seu manto – dizia –, ganhava sistematicamente milhões na loteria. O fato transcorreu em 1993, durante o governo Itamar Franco.

O caso atual e específico não trata de nenhuma proteção de Deus diante de meros  prêmios da Loteca. Porém, Deus se transforma em forte cabo eleitoral e patrocinador de eleição. É mole?

Não se sabe quem é mais cara de pau: se o político que faz uso do nme de Deus em vão ou o eleitor que se deixa (ou finge deixar-se) influenciar. Acreditar nesse circo é exercício tão pegajoso quanto protagonizá-lo. Assim, resta a máxima popular: “mentira tem pernas curtas”.

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