- 20 de agosto de 2025
Poetizado por Caetano Veloso, idolatrado pelos gregos de ontem e de hoje e admirado por pessoas no mundo todo, Alexandre, O Grande, finalmente, terá sua vida contada na telona. O sucesso de Conan, o Bárbaro e mais recentemente de Napoleão e Tróia, este último contando a saga do guerreiro Aquiles e principalmente do épico fenomenal "Gladiador", com Russel Crowe, despertaram interesses dos grandes estúdios que colocaram seus melhores diretores e produtores atrás de histórias fantásticas. A razão pode ser financeira, mas isso pouco importa, se no final o cinema cumpre com sua missão de trazer para nossa realidade muito do realismo extraordinário da humanidade que só mesmo a força de Hollywood é capaz. Caetano diz em seu livro: "Alexandre de Olímpia e Filipe o menino nasceu, mas ele aprendeu que seu pai foi um raio que veio do céu." Para quem acha que é um exagero do bom baiano, não custa dá uma olhadela da biografia do herói. "Alexandre" conta a história do guerreiro da Macedônia que conquistou 90% do mundo existente na sua época aos 25 anos e após vários adiamentos foi lançamento dia 5 de novembro passado nos EUA, mas no Brasil só chega em 14 de janeiro de 2005. Se a história é de Alexandre, O Grande, o orçamento não podia ser pequeno e Oliver Stone fez jus a fama de gastador e torrou US$ 160 milhões, quase meio bilhão de reais. No elenco, uma verdadeira constelação do bad boy irlandês Colin Farrell, que em apenas 14 dias hospedado num hotel em Marrocos deixou uma conta de US$ 64 mil, ou R$ 192 mil; Angelina Jolie, que vive a mãe de Alexandre, até Anthony Hopkins e Val Kilmer, o pai. Polêmico deste os primeiros rascunhos, o filme foi para o olho do furacão quando as primeiras sequências ficaram prontas e chegaram ao conhecimento da imprensa. Oliver Stone manteve-se fiel a história contada no ocidente, apimentando o lado bissexual do herói. Isso gerou confusão, disputas judiciais e - obviamente - amplos espaços na mídia, que só faz aumentar as expectativas. Além disso, um grupo de advogados gregos encrencou com Oliver Stone. Segundo eles, não há documento que comprove a homossexualidade de Alexandre. Os estúdios Warner Bros. teriam optado por amenizar as cenas de bissexualismo para não ultrajar os gregos e, principalmente, não correr riscos na bilheteria, mas os chefões da distribuidora negaram qualquer relação entre as cenas de amor de Alexandre (Colin Farrell) com o eunuco persa Bagoas (Francisco Bosch) e os adiamentos da estréia. O presidente de produção do estúdio, Jeff Robinov, disse que a data de estréia foi adiada apenas para melhorar a chance de ganhar Oscars no próximo ano. As primeiras críticas e resenhas sobre o filme confirmam que as cenas de bissexualismo são fortes em "Alexandre". Um jornal americano chegou a escrever que a história poderia ser chamada de "Queer eye for the macedonian guy", uma referência a um seriado americano onde gays dão dicas aos heterossexuais. A verdade é que o bissexualismo fazia parte naquele tempo da cultura grega e era visto bem diferente de como é hoje. Os exageros que já permeiam Alexandre só colaboram para o aumento da expectativa com o filme, mas afinal, juntando Stone a fantástica história e não esperar muita polêmica, sucesso e recordes de bilheteria, não seria sensato. O filme é por demais pretensioso, já que seus idealizadores se propuseram a gastar os US$ 160 milhões contando a história de um governante macedônio de cerca de 320 anos antes de Cristo. Mas embora tenham sido cortadas cenas chocantes das relações homossexuais de Alexandre, a polêmica está lançada e mesmo durante as filmagens foi pauta de discussões entre diretor e produtor, o alemão Thomas Shüly e Oliver Stone. O produtor teria ficado irritado algumas vezes como Stone mas acabou cedendo. Shüly não estava gostando da forma que Stone escancarava a homossexualidade do governante macedônio. Os defensores da masculinidade de Alexandre afirmam que não são contra os gays, mas querem que a produtora deixe claro para o público que o filme é ficção pura e não um retrato fiel da vida de Alexandre. Assim pensa Yannis Varnakos, líder da campanha lançada por 25 advogados gregos. Poder Alexandre conquistou 90% do mundo conhecido em sua época e não está no centro de uma polêmica moderna pela primeira vez, recentemente gregos da Macedônia, onde Alexandre nasceu, invadiram um simpósio arqueológico depois que um participante fez uma palestra sobre a homossexualidade de Alexandre. O herói foi um dos maiores líderes militares de todos os tempos, nunca foi derrotado em batalha, conquistou quase o mundo inteiro e morreu de forma misteriosa aos 32 anos. O império que ele formou cobria desde o Mediterrâneo até o Afeganistão. A ele é atribuída a frase famosa: "Se a guerra faz parte da nossa natureza, a questão é: o que fazer depois?" Oliver Stone - por enquanto - ganha uma "disputa com outros grandes nomes do cinema mundial como Steven Spielberg, Dino De Laurentiis, Martin Scorcese e Baz Luhrmann. O alemão Thomas Schühly materializou o sonho de Stone. Stone leu textos de Plutarco (autor de "A vida dos homens ilustres") e Gore Vidal (autor de uma série de romances históricos sobre a história dos EUA) enquanto idealizava o roteiro do filme. Também tão polêmica, cara e cheia de expectativa deve ser a produção "Alexandre, O grande", de Baz Luhrmann, que está sendo rodada e tem como produtor Dino De Laurentiis e nos papéis principais Nicole Kidman e Leonardo Di Caprio. Luhrmann está acabando o roteiro e as filmagens só começarão em 2005, após a exibição mundial da obra de Stone o que torna a tarefa de Luhrmann ainda mais árdua. Mesmo fora do set a polêmica esteve por perto, já que Colin Farell foi apontado como namorado de Angelina Jolie, sua mãe no filme. Eles foram vistos se beijando num clube em Londres, mas negam a história, por outro lado, a revista Veja disse recentemente que Jolie gosta de homem e de mulher e quem tem dois amantes, quer mais polêmica? Ainda sobre Colin Farrell, recentemente ele foi pai, mas não pôde assistir o nascimento do filho da modelo Kim Bordenave. Ainda dos bastidores, Brad Pitt, que ainda saboreia o sucesso de Tróia, teria recusado uma oferta para viver o par amoroso de Colin Farrell. Brad faria o papel que acabou sendo de Jared Leto, ex-namorado de Britney Spears. Oliver Stone filmou na Grã-Bretanha, no Marrocos e Tailândia e admitiu estar "uma pilha de nervos". Em relação ao filme de Baz Luhrmann, que realmente se chamará "Alexandre, O grande", Stone disse que "a disputa é sempre com meu roteiro, não com Baz". Aristóteles Alexandre III é um dos poucos homens que definiram o curso da história humana. Seu talento militar se impôs sobre o Império Persa e assentou as bases da frutífera civilização Helenística. Alexandre nasceu em 356 a.C. no palácio de Pella, Macedônia. Filho do rei Felipe II, se destacou cedo como um rapaz inteligente. Quando tinha 13 anos, seu pai (Val Kilmer) incumbiu ninguém menos que um dos homens mais sábios de sua época, Aristóteles, de educá-lo. Apesar do apelido dado por causa da grandeza de suas conquistas, media apenas 1,52m. Alexandre se distinguiu nas artes marciais e na doma de cavalos de tal forma que em poucas horas dominou o Bucéfalo, que viria a ser sua inseparável montaria. Alexandre percebeu que o animal temia a própria sombra e voltou-o contra o sol, conseguindo desta maneira domá-lo. Alexandre teve oportunidade de demonstrar seu valor aos 18 anos, quando venceu o batalhão sagrado de Tebas na Batalha de Queronéia em 338 a.C. Depois do assassinato de seu pai em 336 a.C., subiu ao trono da Macedônia e se dispôs a iniciar a expansão territorial do reino. Na Grécia, encontrou grande resistência, o que o obrigou a um violento ataque no qual morreram milhares de tebanos. Pacificada a Grécia, o jovem rei elaborou seu mais ambicioso projeto: a conquista do Império Persa. Em Sardes, na Lídia, Alexandre construiu um templo a Zeus, o Deus padroeiro da Macedônia. Alexandre prosseguiu triunfante em sua jornada, arrebatando cidades aos persas, até chegar a Górdia, onde cortou com a espada o "Nó Górdio", o que, segundo a lenda, lhe assegurava o domínio da Ásia. Em seguida, o rei macedônio empreendeu a conquista da Síria em 332 a.C. e entrou no Egito. O sonho de Alexandre, de unir a cultura oriental à ocidental, começou a concretizar-se. O rei da Macedônia iniciou um processo pessoal de orientalização ao tomar contato com a civilização egípcia. Respeitou os antigos cultos aos deuses egípcios e até se apresentou no santuário do Oásis de Siwa, onde foi reconhecido como filho de Amon e sucessor dos faraós. Em 332 a.C. fundou a Alexandria, cidade que viria a converter-se num dos grandes focos culturais da antigüidade. Depois, com a morte de Dario, em 330a.C., Alexandre foi proclamado rei da Ásia e sucessor da dinastia persa. Em 328 a.C casou-se com Roxana, filha do sátrapa da Bactriana, com quem teve um filho de nome Alexandre IV. Na verdade, Alexandre teve mais duas esposas e um amante, o amigo inseparável Hefestião. Quando Hefestião morreu, dizem, Alexandre ficou tão arrasado que teria chorado incessantemente por dois dias. Sua mãe, Olímpia, também é uma personagem interessante: quando não participava de orgias, dormia acompanhada de suas estimadas cobras. Em 327 a.C. dirigiu suas tropas para a longínqua Índia, país mítico para os gregos, no qual fundou colônias militares e cidades, entre as quais Nicéia e Bucéfala, esta erigida em memória de seu cavalo. Ao chegar ao Rio Bias, suas tropas, cansadas de tão dura viagem, se negaram a continuar. Alexandre decidiu regressar à Pérsia, viagem no qual foi ferido mortalmente e acometido de febres desconhecidas, que nenhum de seus médicos soube curar. Alexandre morreu na Babilônia, a 13 de junho de 323 a.C., com a idade de 32 anos. O império que com tanto esforço edificou e que produziu a união do Oriente e do Ocidente, começou a desmoronar. Seu império foi dividido por seus generais: Seleucos I fundou a Dinastia Seleucida na região da Síria; Ptolomeu I fundou a Dinastia Ptolomaica no Egito; Lisimacos se apoderou da região da Trácia e Felipe III da Macedônia e Grécia. Em vez de lágrimas, mocinhos e bandidos, "Alexandre" é um daquelas histórias que - não importando o meio - serão sempre uma obra prima e ajudam no nosso processo de conhecimento do ser humano, observando seus lados opostos, o lado bom e grandioso e o mesquinho e pequeno, obstáculo que nem mesmo Alexandre III conseguiu superar. A história vale a pena e o filme, certamente não irá nos decepcionar. * autor/** fontes: * J. R. Rodrigues - [email protected] ** Bianca Kleinpaul - Globo Online, site ananova, folhasp, agestado, google.