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CONDENAÇÃO E APLAUSO - Márcio Accioly

40 prefeitos dos 75 reprovados por fiscalização da Controladoria Geral da União - (CGU), foram reeleitos nas últimas eleições. Eles foram fisgados entre um total de 561 municípios escolhidos "nos doze sorteios realizados nos últimos dois anos pela CGU". Durante as administrações desses prefeitos, "foram detectados desvios que envolvem cifras milionárias.


Brasília - 40 prefeitos dos 75 reprovados por fiscalização da Controladoria Geral da União - (CGU), foram reeleitos nas últimas eleições. Eles foram fisgados entre um total de 561 municípios escolhidos "nos doze sorteios realizados nos últimos dois anos pela CGU". Durante as administrações desses prefeitos, "foram detectados desvios que envolvem cifras milionárias, licitações fraudulentas, distribuição de medicamentos vencidos para a população e obras inacabadas apesar de pagas". Até a presente data, o governo publicou relatório referente a 391 prefeituras fiscalizadas. De todas as levantadas, apenas sete, em todo o país, não apresentaram qualquer irregularidade em suas contas. Entre os casos apurados, a CGU considera mais grave o que diz respeito ao município de São Francisco do Conde, na Bahia, onde o prefeito Antônio Calmon - (PFL), foi reeleito. Ali, constatou-se o superfaturamento de dois milhões de reais em obras realizadas na cidade. A prefeitura também pagou, segundo a Controladoria, 630 mil reais por quatro milhões e 300 mil unidades de elástico que jamais foram entregues. Essa compra corresponde a cinco toneladas do produto. O que impressiona é o clima de impunidade que perpassa ao longo do processo. Não existe nada na legislação que impeça a candidatura dos envolvidos, e a Justiça apenas pode atuar dentro de limites legalmente estabelecidos. É certo que vez por outra se escolhe algum bode expiatório que serve de exemplo a parte dos implicados. No geral, vai restar apenas a aporrinhação de processos que poderão se estender até o fim da existência. Nada mais. É só observar o caso do larápio Paulo Maluf (PP), referencial mor de tudo que se refere à formação de quadrilha e roubalheira no Estado. Na capital paulista, onde busca favorecimento do governo federal para atenuar inconvenientes que sofre na Justiça, Maluf declarou apoio à reeleição de Marta Suplicy (PT). Tal medida, no entanto, não surtiu efeito desejado entre eleitores e seguidores: ele minguou eleitoralmente, alcançando apenas 11,91% do total dos votos, e a grande maioria dos que escolheram seu nome no primeiro turno está migrando para José Serra (PSDB). O candidato tucano não dá nenhuma importância aos ataques dirigidos pelo ex-prefeito, já que sua candidatura parece consolidada para uma vitória no segundo turno. Serra faz ouvidos moucos a provocações sem sentido. Mas guarda na manga, para caso de "extrema necessidade", gravações do hoje presidente Lula, no ano 2000, quando Marta foi candidata a primeira vez. E que dizia sua excelência? Que "- Maluf deveria estar atrás das grades e condenado à prisão perpétua por causa da roubalheira na prefeitura". Preocupa observar a transformação que se processa na maioria dos nossos homens públicos, depois de obtidos os cargos pelos quais tanto lutam. Lula era contra o FMI e agora o aplaude. Montou sua equipe econômica, atendendo determinações expressas de Washington. Anda de braços dados com quem acusava de roubo. E dá seqüência à mesma entrega desvairada que dizia abominar, praticada pelo seu antecessor, FHC (1995-2003). De maneira que não se tem como reclamar de eleitores que reelegem prefeitos corruptos, acusados de desvio de recursos e atos desonestos. Os exemplos oferecidos por nossos principais dirigentes são os piores possíveis. E estes últimos se encarregam de colocar panos quentes nas falcatruas, desde que se beneficiem. Não estimulam reformas políticas indispensáveis à moralização dos costumes. Eles se alimentam e se realimentam em vícios infames e cruéis. O poder é a única meta, o fim último de todas suas medidas. Email: [email protected]

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