- 09 de abril de 2025
Governo recua e garante
bebida durante os jogos
A crise na base aliada no Congresso provocou uma sucessão de erros na coordenação política do governo e levou a uma nova reviravolta sobre a venda de bebidas alcoólicas nos estádios da Copa do Mundo de 2014.
Um dia depois de decidir retirar a permissão explícita de bebidas nas arenas da Lei Geral da Copa, sob o temor de não conseguir aprová-la, o governo confirmou que vai recolocá-la no projeto.
A manobra teve como objetivo deixar claro que cumprirá um acordo de 2007 com a Fifa, cujo presidente, Joseph Blatter, chega hoje ao país para conversar com a presidente Dilma Rousseff.
Ontem, o governo admitiu ter havido erro na retirada da permissão para a venda de bebidas, um dia antes.
"Estamos nessa polêmica porque houve um erro, um bate-cabeça do governo. Temos que contratar psiquiatras, psicólogos e neurologistas para entender o que aconteceu", disse Vicente Cândido (PT-SP), relator do projeto da Lei Geral da Copa.
Segundo ele, a confusão se deve também à troca de líderes feita pelo governo no início da semana, com o intuito de apaziguar a crise na base.
"Se fosse o Cândido Vaccarezza [ex-líder do governo, substituído por Arlindo Chinaglia] não seria assim, pois ele já estaria inteirado do acordo com a Fifa", disse ele, que é do grupo ligado ao líder derrubado anteontem.
"A própria ministra Gleisi [Hoffmann, da Casa Civil] admitiu que foi induzida ao erro por assessores [ao dizer que não havia o compromisso com a Fifa]", contou.
ERRO DA CASA CIVIL
A avaliação é que foi a Casa Civil que permitiu o erro, ao não avisar os deputados que discutiam a lei que o governo havia acertado com a Fifa não criar nenhuma restrição ao consumo de bebidas nos estádios -para atender anunciantes da entidade.
Anteontem, após reunião com os deputados na qual foi decidida a retirada da liberação, o ministro Aldo Rebelo (Esporte) telefonou a congressistas dizendo que a Copa no Brasil estaria ameaçada sem a venda das bebidas.
Ontem, em nota, o Ministério do Esporte reafirmou que vai liberar explicitamente a bebida alcoólica.
"O cumprimento integral das garantias firmadas pelo Brasil com a Fifa para sediar a Copa depende da aprovação do projeto de lei nos termos em que foi apresentado ao plenário", disse o texto, em referência à versão que inclui liberação explícita, anterior ao acordo de anteontem.
A bancada evangélica, que tem 75 deputados (15% da Câmara), voltou a falar que irá tentar derrubar a liberação, o que pode atrasar a votação.